quinta-feira, 28 de abril de 2011

2018 - Utopia ou flexibilização ?

Ontem voltei ao trabalho, depois do meu terceiro filho. Foi um dia cheio de trabalho, a resolver os assuntos que ficaram pendentes durante os cinco meses de licença de maternidade. Felizmente não prejudiquei a minha carreira e, mesmo com três licenças de maternidade pelo meio, fui progredindo até chegar a uma posição confortável.
Hoje mal deu tempo para me lembrar que o meu pequenino está em casa, com o meu marido, numa azáfama pegada com certeza. É bom ver a relação deles, que com toda a certeza evoluirá nestes quatro meses que aí vêm de licença paternal.
Daqui a pouco é hora de sair. Continuo a fazer uma hora de almoço reduzida para sair uma hora mais cedo, e com a licença de amamentação ainda saio mais cedo, pelo menos nestes primeiros tempos.
Amanhã vou começar mais cedo. É o aniversário da mais velha e quero ir passear com eles. Acho que com algum jeito consigo ter tudo despachado à hora de almoço para poder ir descansada.
Tenho pensado muito em começar a trabalhar a part-time. Bem feitas as contas, o que poupo na senhora da limpeza e o que ganho em horas para mim (que também preciso), para nós (que também precisamos, não queremos engrossar a vasta lista de divorciados) e para os miúdos, acho que compensa. Já sondei a administração, que a bem dizer não podia alvitrar muito porque a lei é a lei, mas apoiaram-me. Pediram-me só para, caso seja necessário pontualmente, dar um saltinho ao escritório para resolver um ou outro assunto. Por mim tudo bem. Se eles são flexíveis comigo, não hei de ser com eles?
Por falar nisso, ontem fiquei de queixo caído com uma amiga minha que trabalha na mesma empresa há dez anos e foi aumentada uma vez, sob pretextos de licenças de maternidade, que teve duas nos últimos seis anos. Já não estamos em 2010, é ridículo! Estou enganada ou é um direito que ela tem? Quer dizer, ela trabalhar lá é um favor que lhes faz?
Bem, tenho que ir. A minha pequerrucha já faz sete anos. Credo.

Erica Rodrigues

Nota:
Não tenho três filhos, mas gostava de ter. Três, quatro, os que viessem porque casa cheia e alegria nunca é demais. Um dia, quando eu tiver três filhos, gostava que a conciliação fosse mais ou menos assim. Ou melhor: Um dia, quando o mercado de trabalho for assim, talvez eu possa pensar em ter três filhos sem duvidar se serei capaz. Todos sabemos que o coração cresce em proporção do amor que lá tem. Mas os dias, esses que nos fogem, continuam com as mesmas 24 horas.
Se daqui a quarenta anos não queremos viver num país (ainda mais) envelhecido, com mais casas que pessoas, urge mudar mentalidades e deixar de ver a árvore para passar a ver a floresta.

1 comentário:

  1. Bem o teu foi o 2º testemunho e nada a dizer senão repetir: Excelente.
    Eu não tenho mas tb gostava de ter 3 filhos e gostei da tua ideia de escrever acerca do futuro. Estou certa que, com pessoas como tu e tantas outras que ao longo do dia participaram, o Futuro será muito melhor.

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