sábado, 30 de abril de 2011

Para que as escolhas sejam de facto escolhas

A questão agora é adequar o mundo àquilo que dele fizemos.
Já se fala (ainda só se fala) muito de como a escola está desadequada às nossas vidas e às necessidades de todos, é agora tempo de mudarmos também os nossos trabalhos. Adequá-los à realidade de cada um e da sociedade em geral.
É necessário aumentar a natalidade, todos sabemos. Mas, como?
Será mais uma vez à custa do mesmo?
Não! Não vou aqui fazer o apelo a uma guerra dos sexos. Não se trata de uma guerra entre homens e mulheres. Não senhora! Bem antes pelo contrário. Queremos ficar todos juntinhos e criar em conjunto os filhos que ambos decidimos ter. Mas a questão é mesmo essa: gerir a família e aquilo que a sustenta - o emprego.
Quando se tem filhos, especialmente quando se tem mais do que um ou dois, começa a fazer sentido um dos membros do casal ficar em casa. Em geral, o ordenado de um deles (por norma o da mulher) não compensa aquilo que se paga nas escolas particulares (porque AS ESCOLAS PÚBLICAS NÃO TÊM HORÁRIOS PARA OS PAIS QUE TRABALHAM A TEMPO INTEIRO), nas deslocações e refeições fora de casa que se tornam obrigatórias.
Assim, e quando se tem filhos, nota-se uma tendência crescente (?) para as mulheres que escolhem (escolhem?) ficar em casa.
Ao fazer esta escolha (é mesmo uma escolha?) começamos a ver o mundo de outra forma.
Verdade seja dita que enquanto os miúdos são muito muito pequenos, a mãe não pensa. A mãe alimenta, limpa, lava, transporta, brinca e educa mas não pensa. A mãe vai andando. Quando os miúdos largam as fraldas, a mãe começa levemente a lembrar-se de que é gente e que gostava disto e daquilo e costumava ír aqui e ali. Lembranças.
Quando os miúdos manuseiam o rato e fazem downloads de músicas (só dos legais, claro!) as mães de hoje sabem que têm de pensar qual o plano que querem seguir.
Nesta fase, é importante que o Mundo responda! Afinal, estivemos a criar os filhos que garantem a sustentabilidade de todos.
São poucas as mães que optam serenamente por ficar em casa felizes para sempre.
Depois de se ter uma vida activa, autónoma e financeiramente independente não é fácil trocar tudo isso por uma mão cheia de falta de objectivos e carreira profissional, de sociabilização e de perspectiva de uma reforma justa.
Na verdade, não vejo a mulher de hoje (não me vejo a mim) neste papel.
Por um plano B viável para as famílias de hoje
Para que as escolhas sejam de facto escolhas
Para os pais de hoje
Para as mães de hoje,
28 de Abril sempre!
(continua)

Rosario Albuquerque

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