sexta-feira, 29 de abril de 2011

Por um mundo de trabalho mais flexivel

O repto foi lançado inequivocamente, alguém apelava a que neste dia de 28 jogássemos ao jogo e se!
E se.... pensei eu, que o que mais desejo há muito muito tempo é alguma flexibilidade dentro das organizações em que me vou inserindo.
Antes fez-se o preâmbulo no pensamento: recordações do tempo da licença de parto (em que trabalhei parte dela a partir de casa)... recordações da segunda licença de parto, em que desenvolvi um projecto artístico há muito planeado.
Sou menina de variados ofícios, de saltitantes ideias, de gostar de pão e também gostar de queijo, e de gostar, antes de mais, de ter as mãos cheias de coisas que vou criando, que vou alimentando, que vou amando.
Preâmbulo numero dois: Depois do nascimento dos meus filhos foi necessário recusar coisas a nível laboral que os prejudiquem... e com isso a dita "carreira" compromete-se... recusar estar em viagens dois meses durante o ano... recusar horas extras... coisas que impliquem que o dia a dia deles se comprometa.
A verdade é que apesar de continuar a desejar fazer uma tonelada (e mais meia) de coisas, de continuar a ter mil e um projectos a quererem sair da gaveta a prioridade é o bem estar deles, o equilíbrio e o máximo de tempo disponível para as suas meninices.

O dia a dia fora das 9h às 18h... eles no seu depósito-de-meninos, no qual confio plenamente mas com a angústia do número de horas em que lá são deixados... e no parco número de horas que sobra para que em conjunto ensaiemos modos de ver o mundo, brinquemos com nuvens brancas ou fiquemos simplesmente entre sorrisos e olhares perdidos.

Depois do preâmbulo deixo o rectângulo, o meu desejo, o meu e se (unida ao movimento dos part-time lovers)

E na minha visão imediata o que vislumbro é um fantástico tempo, bem dividido, apurado com minúcia e em que as mães ou os pais, ou os que assim o entendessem, laborariam no tempo em que os pequenos deveriam ser consagrados à escolinha. Na pública termina às 15h30 e a essa hora terminaria a jornada de trabalho (contínuo já daria umas 6h e 30) A partir dessa hora brotariam abraços, gargalhadas, parques inundados de sorrisos... onde se ganharia o tempo, o tempo da formação, o tempo do equilíbrio, a formação cívica, a dos valores, a das boas maneiras seria ministrada ali, nos jardins, pelas ruas, à beira mar, perto dos rios, pelos pais... pelos cuidadores e não empurrada para os professores/educadores que têm de se desdobrar para fazerem todos os papéis que os pais deixaram de ter tempo de fazer...
E eu poderia aqui dizer que esse tempo de educação pela família era um serviço público, e que até devia ser remunerado, mas não chegarei tão longe. Vou dizer que era um serviço imprescindível, desejável e que só poderia trazer melhores cidadãos para este nosso mundo. (Ao invés um chega a casa pelas 19h ou 20h e entre fazer uma refeição, um banho e deitar, quanto tempo sobra que a nossa visão do mundo passe para os pequeninos olhos que esperam tanto de nós?)
Chegar-se-ia a casa numa aura feliz, a tempo de preparar uma slow-food, em conjunto, de a fazer em família, demorando-nos nas conversas. Ganhando tempo.
Os meninos cedo se deitam, e o tempo volta a poder ser do trabalhador. Neste after-hour o part-timer poderia deixar de o ser e usá-lo para a partir de casa realizar o que ficou pendente, terminar algum projecto. Ou no meu caso, usá-lo para as outras mil e uma coisas que tenho na manga com muita vontade de as fazer sair.
A minha defesa do part-time é a da possibilidade de ter cidadãos com uma formação em família, gente que se une por elevar a instituição mais perfeita de todos os tempos, embrião de afetos, gestora de sonhos e alavanca de tantos projetos.

Um part-timer que trabalhe menos horas, pode realizar as mesmas tarefas, pode compensar fora de horas com maior volume de trabalho, e pode ainda fazer algo por este nosso mundo, que é deixar filhos com as mãos (e os olhos) cheios de sementes de esperança para este nosso mundo!

Jane & Comp

1 comentário:

  1. Boa!
    Vamos unir todas as palavras revolucionárias!
    Tenho uns tantos textos para ler...

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