sábado, 30 de abril de 2011

Do lado de cá

Achei que não encaixava nesta iniciativa e hesitei em participar porque a verdade é que aquilo que se pretende conseguir, eu já tenho.

Sou tradutora em regime de freelance, trabalho em casa e tenho duas filhas, uma no pré-escolar, outra no primeiro ciclo. Não as tenho em ATL nenhum, vou buscá-las à escola relativamente cedo, vou a todas as actividades e a minha única preocupação na altura das reuniões é arranjar quem me fique com elas. Almoçam na escola mas sinceramente ainda que eu não trabalhasse como tradutora acho que continuariam a fazê-lo, em nome da diversificação alimentar.

A mais nova está em casa todos os dias antes das 16h e a mais velha vem comigo fazer as compras da semana, coisa que ela adora. Não andam no ballet (embora gostassem muito) não porque eu não tenha tempo, mas porque acho mais importante os dias decorrerem calmamente, sem correrias à hora dos banhos e jantar. Quando estão doentes o pior que pode acontecer é faltarem as duas pela doença de uma, para não ter de sair de casa e expor a parte enferma. Mas eu estou aqui.

Hesitei em participar nesta iniciativa precisamente porque as coisas foram acontecendo desta forma sem que se perdesse muito tempo a pensar nisto. Não houve uma tomada de decisão formal quanto a isto, não pesei prós e contras de trabalhar fora de casa. Não faço ideia se ganharia mais dinheiro estando empregada, mas com quase toda a certeza perdia qualidade de vida. Teria mais segurança (que não é fácil não saber quanto vou ganhar neste mês, não é fácil estar doente e saber que os clientes não estão nem aí e querem é que o trabalho apareça feito), mas seria menos dona do meu tempo.

Há algum tempo, fugimos do reboliço da loucura dos subúrbios para uma localidade mais calma e não há dúvida de que isso também tem muita influência na qualidade de vida. Pode parecer que não tem nada a ver, mas o teletrabalho foi fulcral nesta decisão, uma vez que não tenho de me preocupar com o trajecto de e para o emprego e posso condicionar os meus dias aos horários das minhas filhas, e não o contrário.

Sou privilegiada? Sou, na medida em que tenho a sorte de poder desempenhar em casa as únicas funções profissionais que me interessa desempenhar. Mas privilegiada ou não, é esta a nossa vida. Era bom que pudesse ser a de mais famílias :)

Karla
(blog privado)

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