(AVISO: MUITAS DESCULPAS PELA FALTA DE ACENTOS, MAS O TECLADO DO MEU COMPUTADOR ESTA AVARIADO...)
Não quis deixar de participar NESTA Revolução, porque acredito que se houvesse flexibilidade laboral, a qualidade de vida das familias seria muito, muito superior... Quando a minha filha mais velha nasceu, voltei a trabalhar ela ainda não tinha 4 meses. Não havia dinheiro para infantarios e a solução que encontramos (porque não tinhamos familia por perto), foi o meu marido trabalhar de dia e eu de noite, num call-center. Eu ficava com ela durante o dia e quando ele chegava, saia eu. Voltava a casa por volta das 4 e de manhã começava tudo de novo. Quando a Sara tinha um ano, mais coisa menos coisa, voltei a trabalhar de dia e ela foi para a escola. Continuamos assim, mas entretanto mudei de emprego, quando o meu contrato não foi renovado. Umas das razões apresentadas foi o facto de eu ter faltado quando a miuda estava doente, mas claro, esse nem sequer era o mais importante, foi so assim uma coisinha que se lembraram de mencionar!
Quando engravidei do Lucas e depois de muito pensar, resolvemos que eu ficaria em casa, pelo menos ate eles estarem encaminhados nas escolas. Na altura tiramos a Sara do infantario onde andava e onde pagavamos mais de 450€ por mês e passei a ser mãe a tempo inteiro.
Em Setembro do ano passado, inesperadamente, surgiu um emprego para mim... Ja queriamos vir para a Suiça a algum tempo, mas não estava nos planos arranjar eu trabalho primeiro! Entrar no avião que me levou para longe dos meus filhos foi a coisa mais dificil que ja fiz, mas pensei que era por um bem maior e la engoli as lagrimas. Pensava eu que receber um ordenado ao fim do mês iria ser uma coisa boa... Passado 15 dias veio o meu marido e os miudos, no espaço de um mês organizamos o basico para termos uma casa em condições e em Dezembro o meu marido tambem começou no novo emprego. E foi aqui que a coisa começou a dar para o torto.
O meu marido tem um emprego exigente, que muitas vezes o leva para longe e não tem horario certo e eu estava no trabalho 13 horas por dia, com a tarde de Domingo e a Segunda-feira livres. Os miudos têm horarios rigidos, porque aqui não se pode deixar as crianças na escola so porque sim. O prolongamento de horario na escola primaria e so para quem precisa e nos infantarios paga-se de acordo com a carga horaria, 3 dias de frequencia custam menos que 5. Para alem disso, a Quarta-feira a tarde não ha escola, para ninguem. O desgaste causado pelo stress desta rotina de gente maluca foi tanto, que tive de desistir e aceitar que de facto, o ordenado ao fim do mês não e o mais importante. Seis meses depois de reentrar no mercado laboral, volto a ser mãe a tempo inteiro. A falta de tempo de lazer em familia e principalmente a falta de disponibilidade e paciencia para as crianças estava a começar a ter consequencias graves, inclusive fisicas, eu estava exausta e o Lucas, que nunca se adaptou a 100% a escola, estava mais magro e sempre nervoso.
Em Setembro deste ano o Lucas ira para a escola publica, que tal como em Portugal, começa a partir dos 3 anos. O horario e semelhante, finalizam as 16 horas e no infantario em causa não ha prolongamento. Em Setembro, depois da adaptação da minha cria mais nova, vou procurar um trabalho em part-time, que me permita ir por e buscar os miudos a escola. creio que foi uma sorte ter-me mudado para aqui, porque as condições que deveriam haver em Portugal existem aqui. Ha empregos que exigem 100% do horario que SE PODE trabalhar e ha outros que so requerem 50, 60, 30%, o que se acordar com o patrão. Ha tambem uma coisa que achei muito interessante, mães que tomam conta dos filhos das outras quando estão de folga, e que de volta têm quem lhes fique com os filhos tambem, um esquema que realmente so pode existir num pais organizado. A realidade e que a porta das escolas ha sempre pais e mães a ir buscar os filhos, o transito para chegar a casa e por volta das 17 horas e não das 19 como em Lisboa, isto porque aqui a familia e a maternidade são importantes e respeitadas.
Senti na pele, quando trabalhava em Portugal, a discriminação de ter filhos pequenos e mais do que isso, senti as dificuldades de dar uma boa educação, de estar presente e de ter de trabalhar para pagar as contas. Acredito que se o mercado de trabalho fosse mais flexivel e respeitoso em relação as necessidades das familias, viver-se-ia muito melhor em Portugal. Não estou ai, mas continuo a ser portuguesa, bora la fazer uma revolução, esta e sem sombra de duvidas, uma boa causa!
Cintia
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