sábado, 30 de abril de 2011

Já Einstein achava que era mais fácil desintegrar um átomo, que mudar mentalidades.


Conciliar carreiras profissionais com a vida familiar e social nunca é fácil e, pelo menos uma delas irá sair muito prejudicada, se não todas; pelas implicações emocionais provocadas por termos abandonado, ou descuidado, alguma delas. Também eu não tive tempo para os meus filhos e agora são eles que não têm tempo para mim.
Espero que o vosso blog ajude a despertar algumas consciências. Com as actuais tecnologias, há muito trabalho que pode ser realizado em casa, sem a necessidade da presença física na empresa. Quanto à flexibilidade de horários, prevejo que ainda irão ter um longo caminho pela frente. Já Einstein achava que era mais fácil desintegrar um átomo, que mudar mentalidades.
Todas as longas caminhadas começam com um primeiro passo e já o deram.
 
Carlos Oliveira

Carta de Apresentação

Caro empregador em geral,
Actualmente telefonista-coordenadora de uma revolução que vai mudar a cara do mundo do trabalho, tornando-o mais flexível e realista, preparo-me a dar um valente pontapé da saída numa situação retrógada e demasiado pesada para correr bem.
Sendo o meu maior desejo o de avançar e fazer avançar o universo em geral, e a sua empresa em particular, para um nível superior de qualidade, competividade e ousadia, apresento-lhe a minha candidatura à função apaixonante que disponibiliza.
Tenho a formação e a experiência de que precisa para ir mais longe, e, em forma de bónus ofereço-lhe a minha fome de conquista, a minha visão global da sociedade e o meu projecto-solução.
Realisticamente falando, senhor empregador, tem andado à procura da performance de um corredor de 300 metros, com a resistência de um maratonista. Tem andado a fingir que acredita nas promessas de princípio de contrato que lhe fazem os seus trabalhadores que "apenas existem para trabalhar", que "não têm familias, nem pensam vir a ter", que "não têm obrigações e objectivos compatíveis com um trabalho sem hora de saída e às vezes sem fim de semana", acredita, porque é o que quer ouvir - é normal - quem não faria o mesmo. E depois, calham-lhe duques e suspira.
Senhor empregador, o tempo da revolução industrial parece distante, fizeram-se progressos gigantescos, falta apenas o último passo, o passo em direcção à simbiose, a uma associação próxima e durável. Ando há que anos à procura de uma oportunidade como esta, acredito que juntos iremos longe, ultrapassaremos barreiras e conquistaremos novos mercados.
Juntos avançaremos, com a consciência do outro. Estamos quase a dar as mãos e a partir a caminhar por uma praia com a luz do pôr do sol, vai ser lindo. O sr. empregador com o gráfico dos lucros a subir, a senhora trabalhadora motivada e realizada, com a consciência que vai conseguir estar presente nas outras áreas da sua vida, sem precisar de jogos de cintura, atestados ou baixas. O melhor dos mundos.
Do meu lado, estarei atenta às exigências dos tempos actuais, darei tudo por tudo por tudo para que atinja os seus mais loucos sonhos capitalistas, para que vingue nestes tempos de vacas loucas magras, para que supere todos os obstáculos.
Do seu lado, espero realismo - Nem sequer peço o impossivel, como da última vez. A palavra passe do dia é flexibilidade. Adaptemo-nos mutuamente. Negociemos.  Flexibilizemo-nos. Parece um grande esforço - esta é a época de grandes esforços. Um part-time lover motivado, um corredor de alta competição, pronto ao tudo por tudo.
Interessam-lhe medalhas de ouro, senhor empregador ?
Sou a pérola rara de que precisa, esqueça a pilha de CVs que não deixa entrar o sol no seu escritorio e contacte-me imediatamente, sem olhar para trás.
Motivada e flexibilizadamente,
Sua Ernestina, 100% a meio tempo
A mãe que capotou
http://apanhadanacurva.blogspot.com/2011/04/carta-de-apresentacao.html

Do lado de cá

Achei que não encaixava nesta iniciativa e hesitei em participar porque a verdade é que aquilo que se pretende conseguir, eu já tenho.

Sou tradutora em regime de freelance, trabalho em casa e tenho duas filhas, uma no pré-escolar, outra no primeiro ciclo. Não as tenho em ATL nenhum, vou buscá-las à escola relativamente cedo, vou a todas as actividades e a minha única preocupação na altura das reuniões é arranjar quem me fique com elas. Almoçam na escola mas sinceramente ainda que eu não trabalhasse como tradutora acho que continuariam a fazê-lo, em nome da diversificação alimentar.

A mais nova está em casa todos os dias antes das 16h e a mais velha vem comigo fazer as compras da semana, coisa que ela adora. Não andam no ballet (embora gostassem muito) não porque eu não tenha tempo, mas porque acho mais importante os dias decorrerem calmamente, sem correrias à hora dos banhos e jantar. Quando estão doentes o pior que pode acontecer é faltarem as duas pela doença de uma, para não ter de sair de casa e expor a parte enferma. Mas eu estou aqui.

Hesitei em participar nesta iniciativa precisamente porque as coisas foram acontecendo desta forma sem que se perdesse muito tempo a pensar nisto. Não houve uma tomada de decisão formal quanto a isto, não pesei prós e contras de trabalhar fora de casa. Não faço ideia se ganharia mais dinheiro estando empregada, mas com quase toda a certeza perdia qualidade de vida. Teria mais segurança (que não é fácil não saber quanto vou ganhar neste mês, não é fácil estar doente e saber que os clientes não estão nem aí e querem é que o trabalho apareça feito), mas seria menos dona do meu tempo.

Há algum tempo, fugimos do reboliço da loucura dos subúrbios para uma localidade mais calma e não há dúvida de que isso também tem muita influência na qualidade de vida. Pode parecer que não tem nada a ver, mas o teletrabalho foi fulcral nesta decisão, uma vez que não tenho de me preocupar com o trajecto de e para o emprego e posso condicionar os meus dias aos horários das minhas filhas, e não o contrário.

Sou privilegiada? Sou, na medida em que tenho a sorte de poder desempenhar em casa as únicas funções profissionais que me interessa desempenhar. Mas privilegiada ou não, é esta a nossa vida. Era bom que pudesse ser a de mais famílias :)

Karla
(blog privado)

Para que as escolhas sejam de facto escolhas

A questão agora é adequar o mundo àquilo que dele fizemos.
Já se fala (ainda só se fala) muito de como a escola está desadequada às nossas vidas e às necessidades de todos, é agora tempo de mudarmos também os nossos trabalhos. Adequá-los à realidade de cada um e da sociedade em geral.
É necessário aumentar a natalidade, todos sabemos. Mas, como?
Será mais uma vez à custa do mesmo?
Não! Não vou aqui fazer o apelo a uma guerra dos sexos. Não se trata de uma guerra entre homens e mulheres. Não senhora! Bem antes pelo contrário. Queremos ficar todos juntinhos e criar em conjunto os filhos que ambos decidimos ter. Mas a questão é mesmo essa: gerir a família e aquilo que a sustenta - o emprego.
Quando se tem filhos, especialmente quando se tem mais do que um ou dois, começa a fazer sentido um dos membros do casal ficar em casa. Em geral, o ordenado de um deles (por norma o da mulher) não compensa aquilo que se paga nas escolas particulares (porque AS ESCOLAS PÚBLICAS NÃO TÊM HORÁRIOS PARA OS PAIS QUE TRABALHAM A TEMPO INTEIRO), nas deslocações e refeições fora de casa que se tornam obrigatórias.
Assim, e quando se tem filhos, nota-se uma tendência crescente (?) para as mulheres que escolhem (escolhem?) ficar em casa.
Ao fazer esta escolha (é mesmo uma escolha?) começamos a ver o mundo de outra forma.
Verdade seja dita que enquanto os miúdos são muito muito pequenos, a mãe não pensa. A mãe alimenta, limpa, lava, transporta, brinca e educa mas não pensa. A mãe vai andando. Quando os miúdos largam as fraldas, a mãe começa levemente a lembrar-se de que é gente e que gostava disto e daquilo e costumava ír aqui e ali. Lembranças.
Quando os miúdos manuseiam o rato e fazem downloads de músicas (só dos legais, claro!) as mães de hoje sabem que têm de pensar qual o plano que querem seguir.
Nesta fase, é importante que o Mundo responda! Afinal, estivemos a criar os filhos que garantem a sustentabilidade de todos.
São poucas as mães que optam serenamente por ficar em casa felizes para sempre.
Depois de se ter uma vida activa, autónoma e financeiramente independente não é fácil trocar tudo isso por uma mão cheia de falta de objectivos e carreira profissional, de sociabilização e de perspectiva de uma reforma justa.
Na verdade, não vejo a mulher de hoje (não me vejo a mim) neste papel.
Por um plano B viável para as famílias de hoje
Para que as escolhas sejam de facto escolhas
Para os pais de hoje
Para as mães de hoje,
28 de Abril sempre!
(continua)

Rosario Albuquerque

Flexibiliza e a tua vida não será como dantes !

Mas que belo movimento, sim senhorAs. É curioso, os homens nunca alinham nestes desafios, ou será que não desejam ser flexíveis??? Um pouco por toda a blogosfera Lusa, escreveram-se (e escrevem-se) textos de inspiração libertadora. Mulheres que não se conformaram e deram com a porta na cara dos patrões agarradinhos ao ponto. Empresas que se orgulham do carácter "Familiar" e que no fim lixam as famílias dos seus colaboradores. É assim mesmo - Eles Lixam até Nós Deixarmos!

Jovem, se estás triste, se te sentes presa a uma cadeira, numa sala sem janelas, onde só te falam em tabelas excel, e tempos e gráficos e raio que os parta, escreve um texto inspirador chamado "Carta de Demissão" e revolucioniza-te! Torna-te FLEXÍVEL e manda tudo à favinha, que isto, a vida são dois dias e o carnaval são três.


Jovem, se entretanto já mandaste tudo à favinha, escreve outro texto, altamente inspirador e conta a tua história no teu blog, avisa a nossa telefonista de serviço ou envia para este e-mail: apanhadanacurva@gmail.com, que em breve o teu testemunho fará parte do blog REVOLUCIONAR PARA FLEXIBILIZAR.
E a tua vida não será como dantes!

**SOFIA**
http://redondaquadrada.blogspot.com/2011/04/revolucionar-para-flexibilizar.html

sexta-feira, 29 de abril de 2011

Revolução por um mercado de trabalho mais flexível (Trabalho em casa)

Em resposta ao apelo lançado aqui, com um dia de atraso, aqui fica o meu testemunho.

Quando terminei o curso de História de Arte, tive a sorte de poder começar a trabalhar uns meses depois no serviço educativo de um dos maiores museus do país, de uma fundação privada (uma das maiores do país também, não vou dizer nomes mas acho que
e fácil perceber qual!).
Na altura trabalhávamos (eu e o resto da equipa) a recibos verdes. Fomos logo avisadas que as pessoas que lá estavam antes tinham sido mandadas embora ao fim dos 3 anos a recibos verdes, e que nunca teríamos hipótese de ficar nos quadros.
Não tínhamos ordenado fixo, recebíamos consoante o número de visitas guiadas ou actividades que fazíamos. E não recebíamos nada mal - se bem que havia meses com mais e meses com menos, e meses sem nada, claro.
O trabalho em si era apaixonante, e sei que é essa a minha vocação, mas com o tempo a insegurança de estar a recibos verdes começou a mexer-me no nervo, principalmente porque não era por falta de dinheiro.
Infelizmente, todas as propostas que fizemos, todas as mostras que demos de estar a fazer um excelente trabalho (que estávamos) saíram furadas, e percebemos que a nossa situação ali não ia mudar nunca. Tanto é que tudo isto se passou entre 2002 e 2005, e as pessoas que lá estão agora continuam, infelizmente, na mesma situação, a recibos verdes.
Em 2006 resolvi, com o Tê, partir para a Holanda.
Alguns meses depois de lá estar entrei para a empresa, onde ainda hoje trabalho. Tive pela primeira vez um contrato de trabalho, férias pagas, seguro de saúde e transporte pagos, todas as regalias.
Quando decidimos voltar para Portugal estava na altura de me darem um contrato permanente, que iam dar se eu tivesse ficado.
Já cá estávamos em Portugal quando me contactaram da empresa a perguntar se eu não queria voltar a trabalhar com eles, a partir de casa.
Falamos de uma empresa no ramo da tecnologia, que defende exactamente que com o equipamento adequado toda a gente pode trabalhar em todo o lado, que o estar 8h no escritório é obsoleto, e acharam que seria interessante ter uma pessoa que fosse exemplo disso mesmo.
Tendo em conta o estado do mercado de trabalho em Portugal, eu disse logo que sim, claro!
Durante 2 anos trabalhei a partir de casa a full-time.
O trabalho em si, como já disse 1000 vezes, é desinteressante. Não me preenche em nada, nem tem nada a ver comigo, apesar de o fazer relativamente bem. No entanto, dentro da área dos museus em Portugal é ainda muito difícil encontrar trabalho, e entre estar a fazer um trabalho secante num escritório em Lisboa, e ter de perder tempo em transportes e a receber o salário mínimo, a estar no conforto da minha casa, do mal o menos.
Apesar de estar em casa, tenho horário rígido a cumprir, e não me posso atrasar nem 1 minuto. Entro às 8h e saio às 16h30, com meia hora de almoço.
Trabalhar em casa nestas condições pode ser bastante secante. Não vejo ninguém, só falo com clientes, o contacto que tenho com os colegas é só através do chat interno, não tenho tempo de ir tomar um café, não tenho companhia para almoçar. Mas quando termino o trabalho já estou em casa, não perco tempo em transportes, não gasto dinheiro em comida fora de casa, vou tentando organizar a casa no horário de expediente.
Quando regressei de licença de maternidade, comecei a trabalhar em part-time, 3 dias por semana, coisa que já tinha pedido desde o início, mas que me foram adiando porque a equipa nunca estava completa.
E para uma mãe, é a situação perfeita.
Já aqui o disse que, por muito pouco interessante que seja o meu trabalho, não me vejo a estar indefinidamente sem trabalhar.
Assim, tenho tempo para tudo.
Quando estou no trabalho dedico-me a 100%, porque sei que tenho uma sorte do caraças em poder ter esta oportunidade, e porque estando a trabalhar à distância tenho de mostrar o que valho a dobrar, porque ninguém me vê a trabalhar, logo tenho mesmo de mostrar resultados.
Quando termino, posso dedicar-me àquilo que é mais importante, quer seja um outro projecto profissional (que não me sustenta, mas que me dá prazer), quer seja os filhos, a casa, as compras, os jantares ou as roupas.
O corte no ordenado é largamente compensado com a redução do nível do stress e com o tempo que ganho para a família.
A minha vida seria totalmente caótica se trabalhasse, como o Tê e como a maior parte das mães que conheço, das 9h às 17h30 que nunca são antes das 18h30, mais 1 hora de caminho para lá e para cá.
Entre a realização profissional a recibos verdes, ou a segurança de poder contar com um ordenado ao fim do mês, nesta fase da minha vida a segunda é, sem sombra de dúvida, mais importante.
O triste desta história é que parece que só é possível porque a empresa para quem trabalho não é portuguesa nem está em Portugal. Isto exige esforço por parte dos meus chefes, e também confiança, pois têm de analisar o meu trabalho com base nos resultados - aquilo que realmente interessa - e não na quantidade de horas que eu passo sentada à secretária ou em frente à máquina do café.
Por uma mudança de mentalidades, chefes de Portugal, inspirem-se!
Mary

Trabalhar em casa

Dos últimos 4 anos, passei 3 a trabalhar maioritariamente a partir de casa. Primeiro, durante 2 dos anos do doutoramento, e agora, a trabalhar «propriamente dito».
É uma situação de que gosto, e que traz um conjunto de vantagens muito grande, mas, como referi no último post, alguns inconvenientes.
Durante o doutoramento, a principal dificuldade era ao nível da motivação. Com uma meta tão longínqua - a 3 anos de distância - é fácil colocar todas as prioridades à frente da prioridade real. No primeiro ano, em particular, desperdicei muito tempo, procrastinei muito.
Agora que estou a trabalhar não tenho tanto esse problema. Os objectivos normalmente são para ontem, e tenho sempre uma extensa to do list, à qual tenho que fazer face, o que ajuda a manter-me na linha.
Ainda assim, o facto de estar em casa faz com que mais facilmente tire um dia ou dois de «sorna», mesmo que não devesse. As distracções são muitas e fáceis! Toda a gente sabe que há sempre alguma coisa a fazer numa casa, sempre alguma coisa a comprar para o jantar, sempre alguma coisa a dar na televisão... Na enorme maioria dos dias isso não é um problema, mas quando o cansaço aperta, e a motivação está mais em baixo, essas tentações tornam-se inescapáveis.
Acresce a isso, com a mudança, que estar quase sempre em casa não faz maravilhas pela minha vida social! Estar numa cidade nova, onde quase não se conhece ninguém, e só ver os colegas de trabalho de vez em quando não ajuda a estreitar relações e conhecer pessoas. Quando estava na cidade onde estudei, isso não era um problema, porque vida social e amigos não me faltavam, pelo que não conhecer novas pessoas não era drama nenhum, mas aqui, de facto, dificulta um pouco as coisas.
Por outro lado, as pessoas têm alguma tendência a pensar que, como trabalhamos em casa, é como se não trabalhássemos a sério, e tendem a levar a mal ou a não compreender quando não estamos sempre disponíveis, para tudo, e logo. Os horários podem ser flexíveis, mas existem - pelo menos no sentido em que o trabalho tem que ser feito, e se não for, não podemos andar por aí a laurear a pevide!
Também tenho sentido que a distinção entre trabalho e lazer se esbateu muito. Como os espaços são os mesmos, acontece muito trabalhar de noite e aos fins-de-semana, e nunca ter tempo verdadeiramente livre.

Agora as vantagens:
A bela da flexibilidade de horário. Gosto tanto! Raramente tenho que me levantar antes das 10/11h da manhã, o que para mim é perfeito. Sou daquelas pessoas que se não dorme bem, e muito, fica insuportável e não faz nada de jeito todo o dia. Este horário à minha medida permite-me ser muito mais produtiva.
Outra das maravilhas do horário flexível é: conseguir ir aos bancos, repartições públicas, consultas médicas e outras coisas que só acontecem em horário de expediente, sem dramas. Poder ir ao supermercado a meio da manhã ou da tarde - isto é - sem filas para pagar, sem confusão, com os corredores arrumados, e os produtos fresquinhos nas prateleiras. O mesmo para outro tipo de compras. Poder ir aos correios levantar cartas registadas e afins, sem stress. Poder trabalhar menos hoje e compensar amanhã, sempre que quiser.
Não ter que almoçar fora muitas vezes, com o que isso significa de poupança, e de benefícios para a saúde.
Conseguir por a roupa a secar, fazer pão e iogurtes em casa, e outras coisas do estilo, sem perder muito tempo.
Fazer sempre o jantar em casa, com tempo, e sem telefonemas de última hora a qualquer take away a torto e a direito.
Não perder horas a fio nos transportes - o que aqui em Lisboa é o drama n.º 1 de todos os dias e retira todo o tempo de lazer a muita gente. Além da qualidade de vida que isso me dá, também é uma boa poupança em gasóleo, portagens e/ou passes.
Basicamente consigo levar uma vida mais ao meu ritmo, e mais equilibrada. Consigo fazer coisas pela minha família que de outra forma seriam impossíveis (ou pelo menos, muito difíceis). Nunca/quase nunca tenho chatices com colegas. Se há distractores em casa, também os há nos escritórios - tanto que normalmente os dias em que tenho que ir presencialmente ao trabalho são os dias em que sinto que perco tempo - nos transportes, nas conversas (que também são precisas), em reuniões...
Feitas as contas, gosto muito de trabalhar em casa, e nem quero pensar - pelo menos se não for obrigada a isso - em mudar de vida!
 
Eu
http://acasados30.blogspot.com/2011/04/trabalhar-em-casa.html

Flexibilidade!


Ora após ter lido sobre este assunto no blog desta querida Marianne não podia deixar de dar também a minha opinião.
Não há duvida de que todos iriam beneficiar desta flexibilidade de horários, como ela disse e muito bem não iria nunca o patrão ser prejudicado por esta situação, mas sem dúvida que todos os trabalhadores iriam muito mais satisfeitos e contentes para o seu trabalho sabendo que poderiam passar mais tempo com os filhos ter tempo para outras coisas que não a tipica rotina casa trabalho, trabalho casa.
Meus amigos ninguém pode andar satisfeito com esta vida, e claro que as crianças e também os patrões são prejudicados com isso.
As crianças porque quando os pais chegam teem tanto que fazer e estão tão stressados que não teem tempo ou paciencia para passar tempo com os filhos e esta é a parte mais importante.
Em relação aos patrões claro que uma pessoa insatisfeita, cansada e stressada não produz tanto como uma pessoa que esteja de bem com a vida, descansada e de consciencia tranquila quanto ao seu dever de Pais e de Trabalhadores.
Mas claro meus amigos que tudo tem o reverso da medalha e conhecendo bem o tipico portugues (não querendo generalizar claro) iria haver muito boa gente a querer abusar, e isso meus amigos não pode ser.
Teria de haver consciencia e claro ter em conta ambos os lados da questão.
Pronto aqui ficou a minha opinião vale o que vale mas é a minha.
 
Isa
http://desabafosedesejosdeumamentecomplexa.blogspot.com/2011/04/flexibilidade.html

A Revolução ( ou a minha história)

Tinha 24 anos.. estava no ultimo ano da universidade e estava gravida!
Acabei o curso enquanto o pai trabalhava..
A criança nasceu.. E eu passdos 3 meses começei um estágio no Hotel...
Flexibilidade não havia nenhuma! Trabalho por turnos com um bébé
pequinino não é fácil.. mas lá fiquei durante mais 2 anos e meio..
Mais ou menos a meio do caminho o P. juntou- se a mim no hotel, o que
baralhou um pouco mais as coisas..
Depois, nasceu a cria do meio.. e ao fim dos 5 meses regressei ao
hotel com um horario bem mais flexivel.. Tudo mais simples.. trabalho
das 9 as 5 a dois minutos a pé de vasa e da creche! Espantoso.. não
fosse o facto de ganhar pouco!! ( raio da mania que dinheiro supera
tudo)..
Passado apenas um mês nesse "paraíso" surgiu a oportunidade de vir
trabalhar para um banco.. e 50 km de casa! Aceitei.. ía ganhar muito
mais, trabalho das 8.30 ás 16.30.. Fácil, pensava eu..
O "Chefe" aqui da agencia é uma besta! Imaginem vocês que quando lhe
disse estar gravida ( da 3ª cria) me tentou convencer a
abortar!!!!!!!!!!!
Se lhe ligo algum dia a dizer que tenho algum miudo doente ou que eu
estou doente fica chateado!! ( pois claro que fica.. se eu não vier
ele tem que ficar o dia todo na agência e não pode andar a passear!!!)
Flexibilidade não há nenhuma aqui! Mas sinceramente.. Estou- me nas
tintas!! Preciso de faltar, então falto! Como se diz em bom
PortuguÊs.. "estou-me a cagar"..
E aqui ando.. estupidamente arrependida de ter deixado o meu "paraiso
a 2 minutos de casa.. mesmo ganhando menos, a qualidade de vida era
muito melhor!
Portantos.. apenas um relance do meu dia.. Acordo ás 6. 30.. Depois de
pronta a cordo a cria mais nova para deixar na creche ( os outros vão
com o Pai).. ás 8.30 chego ao trabalho e por cá ando até ás 17h..
Quando chego a casa, já depois de "apanhar" os muidos ( nunca antes
das 18h) Começa outro trabalho.. Uns dias vou eu á ginástica, outros o
puto tem futebol, outros o pai tem ginásio.. e até os deitar ás 8.30/
9.00 Não paro.. só aí descanso.. e não é muito pois regra geral estou
tão cansada que ás 22 estou na cama!!
Prontos! Tenho dito!

Cristina Venturini
http://euemaisalgumacoisinha.blogspot.com/2011/04/28-abril-revolucao-ou-minha-historia.html

Flexibilização

Já era chegado o dia de dizermos de nossa justiça. O dia é hoje.
Já várias vezes me ouviram desabafar sobre este tema e de como é difícil, para uma mulher, conciliar trabalho fora de casa, com o trabalho doméstico e os filhos, que são a parcela mais importante de todas estas equações.
Vou generalizar, porque todos sabemos que há excepções, por isso, as excepções que não se sintam melindradas nem incluídas.
Que, regra geral, as mulheres ganham menos que os homens, já é sabido. Que são penalizadas pelas entidades empregadoras depois de serem mães, por faltarem quando os filhos estão doentes, por precisarem de entrar mais tarde ou sair mais cedo um dia ou outro, também é do conhecimento de todas. Quem nunca passou por dilemas destes? Eu já.
Estive em casa 3 anos, após o nascimento do meu primeiro filho. Ainda dentro deste período resolvemos, eu e o meu marido, ter o segundo. Deste modo, dado que só planeávamos ter 2 filhos, pensava eu, ficaria mais livre e "empregável" quando resolvesse voltar ao mundo do trabalho. Enganei-me. As entrevistas, por si só, são descriminadoras e há perguntas pessoais que foram feitas, que me incomodaram de sobremaneira. Se era casada, se tinha filhos, se planeava ter mais, onde andavam na escola, como faria para os ir buscar caso o trabalho se prolongasse após o expediente, onde trabalhava o meu marido, etc...podia continuar. Isto é real.
Acabei por ficar empregada numa empresa, onde até fui muito feliz, nestes últimos 3 anos. O horário era das 9h às 17:30h, melhor do que sair às 18h. Claro que passei sempre por momentos de stress e constrangimento quando precisava de pedir para ir com as crianças ao médico, quando tinha reuniões na escola dos miúdos ou quando tinha mesmo que faltar por doença deles ou mesmo minha, que isto de ficar doente, hoje em dia, já é mal visto. Ir trabalhar aos caídos cai sempre muito bem aos olhos do patrão.
Sempre me senti insatisfeita e incompleta. Nunca convivi bem com a maternidade em part time. Sempre desejei trabalhar em algo a partir de casa. Algo que me permitisse a minha própria organização pessoal e doméstica. Algo que me desse liberdade para dar assistência à família sem me sentir quase criminosa.
Fui despedida no fim do ano passado. Estava a contrato, quase há 3 anos, contrato de trabalho temporário que, na prática, são contratos que se renovam automaticamente a cada mês e que permitem à entidade empregadora dispensar o trabalhador quando lhe for mais conveniente. Dado que já existia no ar alguma pressão para passar a contrato directo com a empresa, o mais fácil foi mandarem-me embora "e tal, que os projectos eram poucos, a crise e tal". O que é certo é que sei que nem 2 meses depois já estava outra pessoa no meu lugar. É triste. Não há vínculos com o trabalhador. Nenhuns. E os meus vínculos com os meus filhos não podiam ser mais fortes. Aquilo que lhes dedico será sempre recompensado e valorizado. De muitas maneiras e nem todas elas visíveis a curto prazo. Estou em casa e é disto que preciso para ser feliz. Se gostava de ter um trabalho. Tipo tele trabalho? Maravilha. Adorava. Não conheço nada do género em Portugal. Os rendimentos fariam certamente muita falta, nesta fase do campeonato, em que não está fácil para ninguém, muito menos para uma família apenas com um ordenado e 4 bocas para alimentar. E não, não sou rica nem o meu marido ganha um chorudo ordenado.
Esta opção não é só para quem pode, por vezes é escolhida por pessoas como eu, que não podem, mas querem muito. E o que se perde compensa em dobro naquilo que se ganha em termos emocionais e familiares porque, por muito que as pessoas não queiram admitir, o que está a desmembrar a nossa sociedade, os jovens à toa, sem valores, as crianças problemáticas e deprimidas, a violência nas escolas, a falta de autoridade dos pais, tudo tem uma só raiz. A família passou para 2º ou 3º plano e uma coisa assim só poderá continuar a penalizar-nos a todos, em proporções que nem nós imaginamos. Eu sou pela maternidade a tempo inteiro e pelo trabalho a partir de casa. Infelizmente não há opções para as mulheres nesta área. É terreno virgem. Mas tenho esperança que Portugal, como tantos outros países com uma cultura que trata muito melhor as crianças do que a nossa, possa ainda abrir os olhos a tempo de eu desfrutar dessa hipótese.
Raquel Silva
http://maedoskiduxos.blogspot.com/

Apelo ao mercado de trabalho

Pediram-me para escrever um post sobre a falta de flexibilidade do mercado de trabalho para com as mães por este pais fora, logo agora que eu estou pelos cabelos com tanta papelada com as matriculas dos meus filhos que ainda é só lá para setembro mas as inscrições são agorinha mesmo e eu tenho lá cabeça pra pensar em textos xpto alusivos ao tema...

Ontem corri mil mundos a pedinchar papelitos disto e daquilo, ele é fazer cartão do cidadão, ele é inscrever nas finanças para obter o NIF quando eles coitadinhos são contribuintes de quê vá se lá saber? um minorca de 6 meses já com nº contribuinte onde já se viu e outra é a treta do nº da seguraça social quando eles tem é ADSE e eu desconto prá CGA... mais as mesmissimas declarações médicas e comprovativos de morada e patronal e o raio... credo passamos a vida a comprovar ao país que existimos e que a nossa vida é um mapa aberto ao estado, esses chulos!

Logo agora que eu ando de coração partidinho por deixar um minorquinha de 6 mesitos aos cuidados de outrem por mais de 8 horas e levam-me os tostões todos quando eu se pudesse e o meu emprego permitisse podia muito bem cuidar dele em part-time.

Já para não falar dos complementos de horário outro balurdio e tempo longe do meu puto mai lindo, que agora no 1º ciclo ainda é mais dificil adquirir e pra quê, porque fazem os horários dos miudos completamente descabidos dos nossos, entram ao mesmo tempo que nós saiem mais cedo tem mais dias de férias, é impossivel não ter um ATL ou um CH e ainda nos pedem a nós pais presos a uns miseros 25 dias de férias por ano para "a criancinha tem de ter 22 dias de férias obrigatóriamente" quando nesses 22 dias mal podemos gozar as férias como deve ser quando até ai nos ligam do emprego com problemas.

E eu só penso meu deus a trabalhar as horas que trabalho, as correrias de manhã prós ir deixar, as correrias ao final do dia prós ir buscar, as lides por fazer, o cansaço ao final do dia e a falta de paciencia como é que eu vou poder acompanhar emocionalmente o seu desenvolvimento escolar e não só... e se eles estão a passar por uma fase má e eu não dou conta porque também o trabalho laboral a azucrinar-me o juizo.

Ou uma pessoa balda-se prá carreira profissional ou é mãe não há outra hipotese, e toda a gente sabe que assim que um bébe cresce na barriga é dizer adeus aos prémios de produtividade, ás subidas de carreira, ás regalias e horas extras...

Patrões deste pais, como é possivel criarem-se familias grandes e felizes se a pressão é tanta!

Por isso aqui vai o meu apelo, se bem que muito ao desenrrasco, facilitem mais a vida duma mãe como eu e deem-nos a flexibilidade que necessitamos para cuidar e criar os homens e mulheres de amanhã... só assim acredito que Portugal teria futuro... se a mãe do Sócrates fosse mais dedicada e tivesse mais tempo pró criar não teriamos o FMI à perna como agora, acreditem !!

E tenho dito.
 
Mãe q.b.

Antes de mais queria dizer que: é muito bom ser Mãe!

Está a ser muito bom estar por casa!
E sim, sabe muuuiito bem poder acompanhar o crescimento das MMMs desta forma...e isso já ninguém nos tira! Mas nem tudo são rosas, nem sempre é fácil manter sempre o copo-meio-cheio e nem todos pensamos da mesma forma!
Não estava nada a contar mas acabou por ser muito giro ser capa da NM, soube bem receber tanto feed-back positivo de quem concorda, partilha ou gostava de poder/conseguir partilhar esta minha opção de vida! (felizmente todos os que sei que não compreendem optaram por comentar apenas a fotografia ou nem dizer nada..e, no fundo, estavam no seu direito!)
Mas a verdade é que não foi uma opção. Em 2008 fui dispensada por "não ter disponibilidade necessária para o projecto", quando recuperava de uma gravidez anembrionária... Depois fui de novo dispensada quando estava grávida...
Entretanto fui a algumas entrevistas mas fui sendo sempre relegada para segundo plano por estar "barriguda", por ter limitações de horário, por ter filhos, por estar parada há mais de um ano...
e agora já estou parada há três!...
Continuo a enviar currículos, principalmente porque o Estado já não me "apoia" desde Janeiro - e isto de não gastarmos tanto estando em casa é muito bonito, mas sem ter também não se consegue poupar, né? - mas também porque tenho alguma vontade de ocupar a cabeça com outro tipo de responsabilidades...ainda que tenha obrigatoriamente que ser alguma coisa compatível com ter uma família!
Mas não está a ser fácil...há pouca oferta e muita procura, a maioria dos anúncios quer "pessoas até 35 anos", com "paixão pelo trabalho"(leia-de: disponibilidade total), inclui quase sempre "possibilidade de ausências no estrangeiro" ou "trabalho aos fins de semana"...- e a verdade é que ultimamente nem sequer me respondem!
Não há nem me parece que venha a haver nesta fase a tão desejada "flexibilidade"... Até parece que vivemos num país que não dá valor à família, né?

Nota: agora que a minha M mais nova fez 6 meses e se iniciou nas papas e nas sopas...decidi fazer a Formação Inicial de Formadores no INEPI, para ficar com o CAP e valorizar o meu currículo e alargar as minhas opções...
...e estou seriamente a pensar me atirar de cabeça para um negócio que funciona apenas online - não implica grandes investimentos e não tem grande risco - e que me vai obrigar a contactar pessoas (esperamos que) simpáticas, cultas e com bom gosto!...
Parece boa ideia, não parece?
Só espero que as 5h/dia que vou ter para lhe dedicar nesta fase inicial sejam suficientes...
Façam figas, ok?
;-)

Filipa
http://segundos-passos.blogspot.com/2011/04/antes-de-mais-queria-dizer-que-e-muito.html

E antes que eu me esqueça

A minha profissão é uma das piores possiveis nos quesitos "flexibilidade" e "part-time", sou médica e para piorar sou ginecologista ... Mas vamos passar la, passei a semana a pensar em algumas alternativas para as pobres mães, E ginecologistas E que querem conviver intensamente com os filhos.
A grande coincidência foi um post publicado no Facebook de um médico ginecologista brasileiro que eu admiro muito, cujo título é: "More Physicians say no to endless workdays" Aqui está o link. Os médicos americanos jovens já não querem trabalhar o dia todo, dedicar a vida à Medicina como faziam os médicos antigamente, fazem seus turnos de urgência, voltam para casa, desligam os telefones e aproveitam suas vidas...
Infelizmente eu ainda pertenço à geração passada, dou meu telefone e meu email às pacientes, digo a elas "Se precisar de algo é só falar, estou à disposição", recebo muitas ligações ao longo do dia e digo uma coisa: isto não torna meu dia mais pesado, isto não impede que eu continue a dar a máxima atenção para o meu filho... Isto até me dá um certo prazer: posso confortar as minhas pacientes com algumas palavras "Fica tranquila, isso é normal" ou "vá a urgência minha senhora, só para ver se está tudo bem"...
No meu caso "part-time" é poder fazer escolhas: eu prefiro fazer menos turnos de urgência, abdicar de noites e fins de semana, eu prefiro não ser a melhor médica do mundo, mas ser a melhor médica para as minhas pacientes, eu prefiro ganhar menos dinheiro e ser mais feliz.
Eu vou dar o que eu puder dar, até um limite. Eu espero que as pacientes entendam isso e a melhor forma de fazê-lo é ser honesta, mostrar que além de médica eu sou humana, sou mãe, filha, esposa, mulher e perco noites de sono porque o bebê chorou.
Minha escolha hoje é ser mãe, mas é incontestável que isto também me tornou uma médica melhor. Eu entendo cada dor e alegria que minhas pacientes estão a viver: eu já experimentei cada uma delas e não tenho medo de dividir minhas experiências.
Fernanda

Revolução por um mundo de trabalho mais flexivel !

No início, o homem saia de casa de manha para trabalhar e voltava à noite, enquanto a mulher ficava em casa como cuidadora dos filhos, da casa e do homem.
Depois surge a guerra e o homem parte para a guerra e à mulher é-lhe exigido para além do seu papel de cuidadora que seja trabalhadora. Desta forma a mulher provou do fruto proibido, gostou e não abdica. O mundo desde então mudou, mas muitas das exigências continuam a ser as mesmas: por o jantar na mesa, cuidar dos filhos, cumprir com as tarefas domésticas, lembrar as datas festivas e aniversários, comprar as prendas, agradar à sogra, ser companheira, amiga, boa vizinha, boa cidadã, boa colega de trabalho, ter bom humor, culta, ter corpo magro e belo, manter o marido sexualmente satisfeito, e mais… Ficaram tontas? Pois a sociedade passou a mensagem – e muitas e muitos acreditaram – que as mulheres podem fazer tudo, mas tem que faze-lo bem e ao mesmo tempo. É a materialização da Perfeição!
Porém esqueceram-se que o dia continua ter 24 horas – e não existe qualidade sem quantidade-, os filhos continuam a ser seres humanos e a mulher tb, continuamos com corpo e alma,  com capacidades e limitações, com necessidades emocionais, espirituais, racionais, profissionais, …. Isto é SOMOS IMPERFEITAS. E ainda bem que assim é.
Podemos fazer tudo? Não. Mas podemos estabelecer prioridades e satisfaze-las em tempos diferentes, em conformidade com o pretendemos para nós e para aqueles que amamos. Mas viver é isto! E torna-la mágica só depende de nós!
Nos nossos dias, para quem trabalha, cada vez mais a conciliação da vida familiar com a vida profissional tem um “preço” demasiado alto. As culpas, remorsos e as ausências inevitáveis, tentam-se colmatar: com inscrição dos filhos em colégios com a maior carga horária possível e em inúmeras actividades extracurriculares, com leva-los ao colégio de manhã, comprar o novidade em brinquedos ou jogos, viagens e passeios em agenda, tudo em forma de compensação.  Ora, por razões de necessidade económica, ora por necessidades pessoais ou até mesmo de afirmação, ou por todas em simultâneo, trabalha-se para pagar: o carro, casa, trabalho da empregada doméstica, colégio, actividades extacurriculares, os objectos que representam status social e económico, etc.
Esta realidade convive lado a lado com outras duas, não menos importantes e representativas da nossa sociedade: A daqueles em que que a sua preocupação não é conciliar a família e profissão porque estão desempregados. E a daqueles em que para não terem um conflito entre família e profissão, optaram –porque podem e querem- por dedicarem-se à família a tempo inteiro.
Ora, é tempo de mudarmos de evoluirmos. Nós e as gerações que se seguem merecem.
A flexibilidade no mercado de trabalho deve entender-se por aplicação de um Direito do Trabalho que espelha uma visão integral da vida profissional, não abdicando da protecção e garantia dos direitos dos trabalhadores. Pretende-se sim mudar a ordem das prioridades.
Flexibilidade não deve ser entendida como: trabalho e remuneração precária, trabalhos atípicos e abusivos, cadeia de mercado informal, actividades profissionais desordenadas, trabalhadores à margem da lei, vínculos laborais ocultos.
Flexibilidade deve corresponder a um novo olhar no mundo do trabalho. E pode concretizar de várias formas, entre elas: contratos trabalho flexíveis (com horários flexíveis de inicio e fim de expediente, semanas de trabalho mais pequenas ou alargadas, permissão de ausentar da empresa para tratar de assuntos de índole particular, compensando à posterior); Trabalho executado fora do local de trabalho; Redução do horário do trabalho; Trabalho em Part- Time e Tele- Trabalho.   
Para muitos talvez sejam estas as medidas contra Perfeição e para outros, como eu, uma forma óptima de obter equilíbrio “trabalho-vida” sem ter de abdicar da família.

Este post representa a minha participaçao na "Revoluçao" fantástica iniciada pela autora do Blog "A mãe que capotou" http://apanhadanacurva.blogspot.com/

Dadinha
http://dadinhahistorias.blogspot.com/2011/04/revolucao-por-um-mundo-de-trabalho-mais.html

Flexibilidade

Hoje, um post (vários posts) deixou-me a pensar. Flexibilidade no trabalho, que bom que era…
Com frequência penso no que deixo de lado… Como trabalho, não acompanho e apoio o crescimento dos filhos como penso que necessitam. Se deixar de trabalhar que futuro lhes posso proporcionar?
E depois, conheço tantas mulheres que chegaram a uma certa idade, que não é preciso ser muita idade, e deixaram de ter oportunidade de trabalhar. Qualquer trabalho é uma bênção, a agarrar com ambas as mãos. Ainda para mais no interior.
Admiro as mães que conheço através de tantos blogs, que são mães a tempo inteiro. Às vezes pergunto-me se é opção ou falta dela? Não me revejo nesse papel a tempo inteiro. Recordo-me de um período em que estive desempregada. Recordo-me de me sentir inútil, parecia-me que não sabia fazer nada… Gosto de trabalhar, de desafios, do convívio com as pessoas.
Gostava sim de acompanhar mais os meus filhos, de estar mais presente. Ter tempo para os ir buscar à escola, fazer os trabalhos de casa com eles, ter tempo para brincar.
Estou um bocado cansada de ser a mãe que está em casa quando eles estão na escola, e que não está quando eles chegam a casa. Quando chego só dou ordens. Já fizeste os trabalhos de casa? Vai tomar banho! Vai por a mesa! Vá lá, come! Vai lavar os dentes! Vamos para a cama!
Só ordens e falta de paciência.
Já pensei várias vezes que gostava de trabalhar a meio tempo, ou com horário reduzido. Ganhar menos pode ser ganhar mais… menos dinheiro, mais qualidade de vida.
É um sonho que considero dificilmente concretizável.
Podia trabalhar por conta própria, mas que sei eu fazer? Não tenho um grande espírito empreendedor nem vivo numa região que facilite a sobrevivência de pequenos negócios.
Esperamos melhores dias… com o tempo tudo se resolverá, nem que seja quando os miúdos forem para a universidade. Fora de brincadeiras, acho que será antes disso. Para isso trabalhamos todos os dias, para procurar melhores soluções.


Barbara
http://meadadobada.blogspot.com/2011/04/flexibilidade.html

28 de Abril: pela auto-gestão do tempo de trabalho, marchar!

O tema foi lançado no post "Por um mercado de trabalho mais flexível, part-time lovers, uni-vos!", da mãe que capotou.

Um assunto que me diz muito porque ainda não fez uma semana que deixei o meu emprego, sendo que um dos fortes motivos para a minha demissão foi precisamente a inflexibilidade de horários.

Quando fui admitida "venderam-me" a história de que sim, era obrigatório "picar o ponto", mas caso fosse necessário sair mais cedo ou entrar mais tarde para tratar de qualquer assunto pessoal, não havia problema, era só registar um pedido de "troca de horas" e estava tudo bem.

Mentira.

Assim que tive o meu segundo filho e com ele surgiram as baixas por doença, as idas às consultas, os atrasos porque há vomitados pelo caminho que, pasme-se, obrigam mesmo uma pessoa a dar meia volta, ir a casa, lavar a criança e a cadeirinha e tudo o mais porque entregá-la vomitada à escola e deixar o carro UM DIA INTEIRO fechado com restos de uma refeição mal digerida NÃO É OPÇÃO e, sim, pasme-se outra vez, isto faz uma trabalhadora, que até tinha saído cedo de casa, chegar ao trabalho atrasada - oh que estranho!... - assim que tive o meu segundo filho, dizia eu, tudo mudou. A flexibilidade anunciada esfumou-se rapidamente.
De notar que o meu trabalho não exigia horário fixo, já que era programadora: estar ali sentada no meu lugar num imenso, barulhento e mal climatizado open space ou estar sentada em casa num puff na varanda a apanhar sol com o portátil nas pernas ía dar ao mesmo - o que deveria interessar era o produto final (um projecto sem erros entregue a tempo e horas), e não a aparência.
Sim, a aparência. Foi-me dito na cara que chegar tarde "ficava mal" (nunca disseram que ser pouco produtivo ficava mal... sintomático) - o que se responde a isto?....
Mesmo os "chefes" sabendo que eu era mãe de duas crianças, que não tinha ninguém que pudesse ficar com elas (tirando o meu marido, mas como ele tem uma empresa, nem sempre podia ficar em casa em meu lugar, embora até tenha ficado umas quantas vezes), era chamada a atenção constantemente pelas ausências e chegaram até a colocar a pontualidade com um objectivo nos meus KPI's (o que iria influenciar depois a avaliação de final de ano e, por sua vez, a remuneração variável: o bónus anual).

O horário não era mau (9 - 17h30) mas ainda tendo que ir buscar as crianças (cada uma à sua escola) e ter mais de 15kms para chegar a casa, acabava na mesma a cair naquela rotina de: chegar, tratar das crianças, jantar, então-há-recados-da-escola-tens-tpc's-espera-aí-deixa-me-aqui-fazer-legos-com-o-mais-novo-um-bocadinho, e pô-los na cama. E recomeçava tudo outra vez no dia seguinte, a correr, sempre a correr.
Não me sentia presente para eles e, pior, no pouco tempo em que estavamos juntos à semana, eu ainda estava sob efeito do stress do dia e acabava a ter pouca paciência para eles. Defeito meu, sem dúvida, mas tivesse tido a hipótese de escolher o meu horário ou de poder fazer parte do dia ou da semana em regime de teletrabalho, tudo seria muito diferente.
Essas hipóteses estavam foram de questão, então saí.

Arriscarei agora em projecto próprio, em parceria com o meu marido. Perco em rendimentos, perco em segurança (se bem que, nos dias de hoje, trabalhar por conta de outrem já não é tão seguro assim...), mas ganho muito em disponibilidade (quer mental, quer de horários) para estar lá quando é preciso. 
Há reunião com o educador/professor? Vou e fico até ao fim, sem correr, sem estar sempre a olhar para o relógio e sem ter de passar na secretaria a pedir a justificação da praxe.
Está um filho doente? Fico em casa a cuidar e a mimar, em vez de lhe enfiar uma colher de ben-u-ron ou brufen e entregá-lo(a) no infantário/ATL, a rezar para que não piore, com o coração completamente esmagado por ter de ir trabalhar.
Há uma exposição / festinha na escola? Vou ver ao vivo, sem ter de me contentar em ver o DVD uma semana depois....
Os dias estão mais compridos e eu agora consigo estar à porta da escola da mais velha quando toca para sair e já tenho o mais novo comigo, por isso ainda dá tempo de irmos a um parquinho durante meia hora antes de irmos para casa jantar. 
O trabalho? Pode esperar e ser feito "fora de horas".

Não há salário que compense os laços que se reforçam, os colos que se dão, as memórias que se criam. Pena que os nossos políticos, os nossos empresários e gestores não saibam disto. 
Pergunto-me às vezes: terão eles sido criados pela mãe, ou por uma empregada?... E os seus próprios filhos, como estão a ser criados?... 
E que sociedade é esta, em que a família tem de ficar para segundo e terceiro plano (quantas famílias são obrigadas a isto devido aos seus baixos rendimentos e até ao acumular de vários empregos?...), em que as crianças crescem empurradas de estranho em estranho mal conhecendo os seus pais (e estes a elas, claro)? E que sociedade vai ser esta, quando uma geração inteira de crianças que cresceu assim desapoiada, crescer e ficar ela própria encarregue de perpetuar valores para a geração seguinte? Quais irão passar? Compaixão? Solidariedade? Ou individualismo? Ambição?...
Revolução social, precisa-se, diria eu...
 
Sandra Noronha

Revolução - por uma mercado de trabalho mais flexível

Cá estou eu, camaradas, a responder ao apelo lançado aqui.

Eu no meu trabalho.
Era uma vez uma rapariga que conseguiu subir à custa de muito trabalho e de muitas horas perdidas por lá. Em dois anos, conseguiu quase duplicar o seu salário e já tinha uns cargos de maior responsabilidade. E depois, estragou tudo, resolveu engravidar. De um momento para o outro, perdeu um terço do seu salário e foi encostada à box. Literalmente. Era ver os outros a trabalhar e eu, nada. Não me atribuíram nada.
Um ano e pouco depois, a rapariga resolveu engravidar outra vez. Ouviu coisas muito feias da entidade patronal, coisas como "isso é péssimo para nós, muito mau...". Voltou a ser encostada à box, com nova redução salarial. Ganhou juízo e ficou de baixa...
Hoje, ganho muito menos do que já ganhei em tempos mas trabalho das 10h00 às 16h00. É verdade que trago quase sempre muito trabalho para casa mas não me importo. Pedi para me reduzirem o meu horário e não entrar às 8h00 como outrora. Acederam. Será que tenho de dizer que são porreiros, pá?! Não sei...Perdi dinheiro mas ganhei tempo com os meus filhos. Acho que é uma melhor recompensa.
O meu ideal seria estar a 100% em casa com os meus filhos. Acho que os filhos têm de estar com os pais e não entregues a terceiros. Infelizmente, é uma coisa que não consigo pôr em prática. Acho que muitos problemas da nossa sociedade são o resultado da ausência dos pais na vida dos filhos... Aqueles depósitos de crianças são uma ***** (não sei como adjectivar) da vida moderna... Trabalho porque preciso de dinheiro. Não me realizo no trabalho. Nem sei muito bem o que isso significa!

Quando tenho os putos doentes e tenho de faltar, eles reviram os olhos;quando oiço histórias de mulheres que engravidam e são deslocadas para outros locais de trabalho a 60/80 km (e conheço tantas assim), quando se recusaram a dar-me redução de horário de amamentação, penso: não nos lixem, não nos quilhem, não nos fodam! Revolução de mentalidades, já!

Tella
http://migtella.blogspot.com/2011/04/revolucao-por-uma-mercado-de-trabalho.html

 

Mãe a tempo inteiro

Este post é a minha contribuição para a união que foi sugerida por uma mãe aqui.
Também eu, por opção, estou em casa a cuidar da vida familiar (e dá-me ideia que de outra forma também estaria, por causa da crise...). Também eu estudei, a custo é verdade, mas estudei, para ter uma profissão, uma carreira... Mas não deu! Não tem dado... Porque os meus trabalhos têm sido sempre "a ver se dá"! Encontrei colegas que gosto e um chefe que fez referência à licença de amamentação, a que temos direito (e que me parece normal que assim seja), como um motivo para apontar falta de assiduidade da minha parte (!) E eu, que tenho muito mau feitio, não descansei enquanto não arranjei melhor. E encontrei. Um trabalho em que me deparei com dificuldades para entrar no ritmo e em que aprendi bastante em tão pouco tempo. Mas a crise e os cortes nas obras públicas acompanham-me... Voltei a casa, tinha o meu filho mais velho 1 ano. Já que estava em casa, decidimos ter o segundo filho e depois da criança nascer e passar um aninho, poderia voltar ao trabalho sem o "peso" das licenças de maternidade e de amamentação... Um dia o telefone tocou, alguém me queria a trabalhar outra vez. Era da empresa onde aprendi tanto. O meu mais pequenino tinha nascido há 15 dias... Esta é mesmo para eu nunca mais esquecer. E tive outros trabalhos, trabalhei com amigos e trabalhei numa área que pouco tem a ver com a minha. E deu para perceber que existem empresas que valorizam apenas determinados postos de trabalho. Que não reparam que muitos de nós até decidem abdicar do diploma, porque queremos é trabalhar, e bem se puder ser... É complicado voltar ao mercado de trabalho, porque as entidades empregadoras ainda procuram jovens com larga experiência numa determinada área, desvalorizando o gosto por aprender e as competências que cada um pode desenvolver.
Voltei para casa (também) porque me incomodava os meus filhos serem os últimos na escola, porque gastava o que ganhava em prolongamentos e almoços. Porque não os podia inscrever numa atividade desportiva que eles tanto queriam. Porque parece mal dizer que me apetece sair mais cedo para ir ter com eles à escola e comermos umas castanhas no dia de S.Martinho. E sim, porque eu reparo em pormenores...

Um dia, gostava de ter um negócio meu. Estou cansada de trabalhar para outros... Estou farta da crise... Estou farta de desculpas para que desvalorizem o trabalho de cada um. E estou feliz com os meus filhos. Eles inspiram-me todos os dias e ensinam-me a jogar xadrez :)
 
Amora
http://amora-myplaces.blogspot.com/2011/04/mae-tempo-inteiro.html

Revolução por um mundo de trabalho mais flexivel !

A sra do pbx, vulgo “mãe que capotou”, ergueu a voz e outras vozes se juntaram à sua…  Vozes femininas, de outras mães que, mesmo sem capotarem, se encontram na mesma viagem.  Os pais, até agora, permanecem calados, olhando em descrédito e com desconfiança para a revolução que as parceiras parecem teimar em fazer.
Eu ganho aqui a minha voz, e tento dar o meu contributo…
Sempre falei à boca cheia de como, se algum dia viesse a contribuir para a população mundial, queria ser mãe-trabalhadora.  Via-me, em todo o meu profissionalismo e competência, a equilibrar carreira, educação, brincadeiras e (sim, porque não?) me time na conta certa para ser eficiente em tudo (e, tal como a criança que diz querer ser astronauta, também eu vivia na inocente convicção de ser capaz de o fazer).  Depois engravidei…  Logo aos 4 meses e meio a semente que trazia e de que ainda não conhecia o género decidiu dar-me um “abre-olhos”…  “Ai julgas-te capaz de tudo?  Toma lá umas contracções e vai para casa durante uns tempos.”  Percebi, logo aí, que os meus planos eram como os PEC tão em moda: planificações a serem colocadas de parte, sucessivamente, sem fim à vista.
E, como se isto não fosse o suficiente para abalar a minha confiança, desde o momento que nasceu (apressado, sete semanas antes do previsto), o Alexandre parece ter roubado as outras crenças que tinha como imbatíveis.  A ideia de ser uma mãe desprendida, capaz de colocar limites, de impor regras, amiga mas não “amiguinha”…  tudo isso foi pelo ar assim que me dirigiu um sorriso que era só gengivas.  Conquistou-me e faz de mim o que quer (lamento dizê-lo!).
E isso leva-me ao mote da sra do pbx.  Ainda que não queira deixar de trabalhar por ter um pavor imenso de me estupidificar e perder a (pouca) capacidade racional que ainda me resta, a verdade é que, pensar que, com o meu horário de trabalho das 11h às 20h, só verei o Alexandre acordado umas 2 ou 3 horas por dia corta-me o coração!  Ainda não voltei ao trabalho (mais 2 semanas e meia e estou lá) e já me sinto incompleta, como se me tivessem cortado um membro sem direito a anestesia.  Sei que vou perder as primeiras palavras, os primeiros passinhos, todos esses primeiros que, para uma mãe de primeira viagem como eu, se tornam únicos.
Durante estes, quase, seis meses este pequeno ser que está agora sentado ao meu lado, na sua espreguiçadeira, deitou já por terra muitas das convicções e certezas que, ao longo dos meus 31 anos, reuni.  Tornou-se a parte mais importante de mim mesma e fez, inclusive, esquecer que durante 3 décadas houve uma existência sem ele…  Uma existência sem Felicidade (com maiúscula).  E é por isso que sei que, para mim, que, também eu, anseio por um horário laboral mais flexível.  Por achar que seria mais produtiva a trabalhar (trabalhar verdadeiramente, não apenas arrastar-me) durante 5 horas diárias do que passar o degredo de 8h a olhar para o relógio, tentando amedrontar os ponteiros a fazer, passo a expressão, uma corrida contra-relógio, de forma a sair o mais rápido possível e ir ter com o meu tesouro.  Acredito, piamente, que 5 horas de entrega total seriam muito mais produtivas que 8 horas que mais não serão que uma punição…
Kelita

Revolução por um mundo de trabalho mais flexivel !

Pois é e já 2 anos se passaram desde que me despedi,grávida da minha 2ª filha á procura de mais tempo para nós familia e a fugir das grandes desavenças com entidade patronal também por causa do tempo ou falta dele para a familia!
Desde ai fui muito mais feliz,mas com muitas mais dificuldades financeiras. Foi a escolha,a minha escolha. se foi a mais acertada eu acho que sim.
Contudo,além das dificuldades financeiras já sinto falta de não ser só a mãe! Mas infelizmente este país não dá oportunidade de ser mãe e poder exercer o meu curso! profissão que exige muito de mim muito tempo fora de casa e praticamente nenhum para as minhas meninas,para a nossa organização familiar.
Tenho procurado trabalho,em áreas diferentes da minha para que possa continuar a ser a mãe presente que eu gosto de ser e que as minhas meninas tem e querem ter.
Mas dos milhares de cv´s que enviei apenas de 2 obtive uma resposta e claro:" de momento nao precisamos dos seus serviços,mas ficaremos com o cv para futuro"
Part-times??? onde??? cá no Norte onde vivo? não encontro!
Não lembrei-me,encontrei para call-center 1 vez mas o horário era das 19h ás 22h. pois mesmo naquela hora que tem banhos,jantar,brincadeira,xixi,cama.
E então? que fazer?
Não acham que deviamos ter mais opções,não acham que as mães que optam por sê-lo quase em exclusivo que abdicam da carreira profisional em prol da familia,dos filhos,também deviam ter outras opções de trabalho?Mais flexibilidade de horários?

Daniela
http://princesafrederica.blogspot.com/2011/04/revolucao-por-um-mundo-de-trabalho-mais.html

Parece que foi ontem, mas já lá vão 6 anos.

Por causa disto aqui, estive a pensar porque é que gosto tanto de trabalhar em part-time (ou então não)

Olá. Eu sou a Miss Cérise Umbelina e sou part-timeólica. Tenho 26 anos e já trabalho desde os 20. E com a excepção de 2 anos com um negócio próprio, tenho trabalhado sempre em part-time, ou part-times, para ser mais rigorosa.
No verão da véspera de (v)ir em Erasmus trabalhei no aeroporto de Lisboa. De julho a setembro. Não foi bem em part-time, mas como o tempo estava limitado àqueles meses é como se fosse. E foi duro! Acordar às 5.30 para entrar às 7 da matina. A sorte é que o carro já sabia o caminho. Ganhei uns cobres e andava feliz e ocupada.
Os próximos part-times foram logo no Verão seguinte, em Portimão - no supermercado Modelo e numa pastelaria. Trabalhava das das 11 às 15 e das 21 à 1 da manhã. Quase não comi, praiei muito e ginastiquei bastante. Voltei para casa com 6 kgs a menos e uns bons trocados ganhos.
Ganhei-lhe o gosto e logo em outubro comecei a trabalhar ao fim-de-semana na H&M e a dar explicações durante a semana ao mesmo tempo que terminava o curso e depois o estágio.
Quando a faculdade me entregou o diploma, já eu tinha um centro de explicações por minha conta e trabalhava num escola (em part-time, claro). O negócio não correu bem e desde Setembro do ano passado andei a coleccionar trabalhos, como quem colecciona troféus. Mas troféus daqueles bem valiosos, porque da maneira que estão as coisas em Portugal, a malta tem é de arregaçar as mangas. E aprender a dar a volta por cima. E as coisas que eu aprendi foram imensas, porque me estreei em campos inéditos.
Aulas no 1º ciclo, curso de inglês, formação de adultos, para não falar no call-center. E de tudo o que fui fazendo, a única coisa em que tinha experiência era nas explicações e isso viu-se nos resultados das 'minhas crianças' que me deixaram muito orgulhosa.
Nos entretantos, a minha vida deu uma volta de 180º e mudei de país, mas continuo em part-time, porque o horário não é completo. Tem de haver um número mínimo de alunos para que a carga horária aumente. E enquanto isso não acontece, ando a pensar em dar aulas particulares de português.
É que para além de me terem surgido boas oportunidades que não podia recusar e de ter feito das tripas coração para as encaixar na minha vida, ainda sou dotada daquela coisa a que chamam bicho carpinteiro. Sabem, aquele bichinho que não nos deixa parar e nos faz andar sempre em movimento? Eu sofro disso e em elevado grau.
Por causa disso, acho que os part-times não me têm feito mal nenhum. Tenho ganho estaleca e experiência e ainda bem, porque estou em boa idade disso e tenho de aprovietar enquanto não chegam as crias.
Nunca senti que aprender mais me fosse prejudicial, até porque o saber não ocupa lugar e nunca sabemos quando vamos precisar de utilizar aquilo que aprendemos. Quanto ao tempo livre, pois claro é sempre o mais sacrificado, mas quando finalmente aparece, sabe sempre melhor.
Quando me ponho a pensar nisto, dá-me assim a modos que vontade de ter uma vida mais calma e estável, mas acho que já não consigo. Só já me parece que já não sei ser de outra maneira. Sempre a pensar em chegar um bocadinho mais longe. Ao próximo objectivo.

* se estiver a pensar em trabalho pago, porque em regime de 'voluntária à força' trabalhei desde sempre no supermercado e no restaurante dos meus pais e não me fez mal nenhum.

Miss Blanche Cérise
http://missblanchecerise.blogspot.com/2011/04/parece-que-foi-ontem-mas-ja-la-vao-6.html

Trabalho ou não trabalho?

(AVISO: MUITAS DESCULPAS PELA FALTA DE ACENTOS, MAS O TECLADO DO MEU COMPUTADOR ESTA AVARIADO...)
Não quis deixar de participar NESTA Revolução, porque acredito que se houvesse flexibilidade laboral, a qualidade de vida das familias seria muito, muito superior...
Quando a minha filha mais velha nasceu, voltei a trabalhar ela ainda não tinha 4 meses. Não havia dinheiro para infantarios e a solução que encontramos (porque não tinhamos familia por perto), foi o meu marido trabalhar de dia e eu de noite, num call-center. Eu ficava com ela durante o dia e quando ele chegava, saia eu. Voltava a casa por volta das 4 e de manhã começava tudo de novo. Quando a Sara tinha um ano, mais coisa menos coisa, voltei a trabalhar de dia e ela foi para a escola. Continuamos assim, mas entretanto mudei de emprego, quando o meu contrato não foi renovado. Umas das razões apresentadas foi o facto de eu ter faltado quando a miuda estava doente, mas claro, esse nem sequer era o mais importante, foi so assim uma coisinha que se lembraram de mencionar!
Quando engravidei do Lucas e depois de muito pensar, resolvemos que eu ficaria em casa, pelo menos ate eles estarem encaminhados nas escolas. Na altura tiramos a Sara do infantario onde andava e onde pagavamos mais de 450€ por mês e passei a ser mãe a tempo inteiro.
Em Setembro do ano passado, inesperadamente, surgiu um emprego para mim... Ja queriamos vir para a Suiça a algum tempo, mas não estava nos planos arranjar eu trabalho primeiro! Entrar no avião que me levou para longe dos meus filhos foi a coisa mais dificil que ja fiz, mas pensei que era por um bem maior e la engoli as lagrimas. Pensava eu que receber um ordenado ao fim do mês iria ser uma coisa boa... Passado 15 dias veio o meu marido e os miudos, no espaço de um mês organizamos o basico para termos uma casa em condições e em Dezembro o meu marido tambem começou no novo emprego. E foi aqui que a coisa começou a dar para o torto.
O meu marido tem um emprego exigente, que muitas vezes o leva para longe e não tem horario certo e eu estava no trabalho 13 horas por dia, com a tarde de Domingo e a Segunda-feira livres. Os miudos têm horarios rigidos, porque aqui não se pode deixar as crianças na escola so porque sim. O prolongamento de horario na escola primaria e so para quem precisa e nos infantarios paga-se de acordo com a carga horaria, 3 dias de frequencia custam menos que 5. Para alem disso, a Quarta-feira a tarde não ha escola, para ninguem. O desgaste causado pelo stress desta rotina de gente maluca foi tanto, que tive de desistir e aceitar que de facto, o ordenado ao fim do mês não e o mais importante. Seis meses depois de reentrar no mercado laboral, volto a ser mãe a tempo inteiro. A falta de tempo de lazer em familia e principalmente a falta de disponibilidade e paciencia para as crianças estava a começar a ter consequencias graves, inclusive fisicas, eu estava exausta e o Lucas, que nunca se adaptou a 100% a escola, estava mais magro e sempre nervoso.
Em Setembro deste ano o Lucas ira para a escola publica, que tal como em Portugal, começa a partir dos 3 anos. O horario e semelhante, finalizam as 16 horas e no infantario em causa não ha prolongamento. Em Setembro, depois da adaptação da minha cria mais nova, vou procurar um trabalho em part-time, que me permita ir por e buscar os miudos a escola. creio que foi uma sorte ter-me mudado para aqui, porque as condições que deveriam haver em Portugal existem aqui. Ha empregos que exigem 100% do horario que SE PODE trabalhar e ha outros que so requerem 50, 60, 30%, o que se acordar com o patrão. Ha tambem uma coisa que achei muito interessante, mães que tomam conta dos filhos das outras quando estão de folga, e que de volta têm quem lhes fique com os filhos tambem, um esquema que realmente so pode existir num pais organizado. A realidade e que a porta das escolas ha sempre pais e mães a ir buscar os filhos, o transito para chegar a casa e por volta das 17 horas e não das 19 como em Lisboa, isto porque aqui a familia e a maternidade são importantes e respeitadas.
Senti na pele, quando trabalhava em Portugal, a discriminação de ter filhos pequenos e mais do que isso, senti as dificuldades de dar uma boa educação, de estar presente e de ter de trabalhar para pagar as contas. Acredito que se o mercado de trabalho fosse mais flexivel e respeitoso em relação as necessidades das familias, viver-se-ia muito melhor em Portugal. Não estou ai, mas continuo a ser portuguesa, bora la fazer uma revolução, esta e sem sombra de duvidas, uma boa causa!
 
Cintia

Mmm... trabalho?


Estou agora no trabalho. Trabalho é como quem diz: sou bolseira. Na verdade, era bolseira, esqueci-me (ainda não me habituei...) que a bolsa acabou este mês e ainda não sei se é renovada. Mas tenho que trabalhar na mesma, porque se for renovada e não tiver trabalhado estes próximos meses não tenho dados para o trabalho dos meses seguintes. Se não for renovada, terei trabalhado estes próximos meses de graça.

Porque é que eu estou para isto? Não sei. Para mudar para o que realmente desejo tinha que iniciar a revolução em casa, mas sinto-me tão sozinha, sem energia...

E agora tenho que ir ali a um workshop "mandatório" mas como já disse em tempos o que penso, fica aqui o link. É que eu quero sair o mais cedo possível para ir ter com os meus filhos. E também tenho que os levar à natação.

PS - Isto é a minha participação nesta revolução.
 
Joana Jordão

28 de Abril - por uma vida a meio-tempo

Andava eu na minha outra vidinha, aquela em que tinha que bater com o dedo na máquina e fazer "pi", quando já bem grávida e com grandes sessões de ciática devida, em muito, às duas horas diárias de comboio, pedi para me reduzirem o horário de trabalho para metade.
"- Ui!! Não, que não, aqui nunca ninguém teve semelhante ideia! Mas que giro, mas não."
Eu não estava mal dos bracinhos, nem da cabecita, apenas sentia-me fatigada e precisava de mais umas horitas sossegada. Resultado - baixa.
Se eu tivesse feito as minhas obrigações em part-time teria aguentado certamente até à semana do parto, estava porreira, mas assim, sem qualquer flexibilidade da outra parte, eu também não podia ser flexível comigo mesma, lá vim eu para casa descansar os costados.

Passados seis meses regressei, não regressei a mesma, tudo me parecia muito parvo, muito desnecessário, tudo era distante e frio e quente e pateta. Passados outros seis meses perguntei se haveria hipótese, ainda que remota, de ajustarem o meu horário de trabalho: "Eu quero prescindir da minha 1:30 de almoço para sair mais cedo"; "AHAHAH que gira! Aqui ninguém mexe na hora de almoço, sairás como os outros meninos, à hora do costume."

Despedi-me passados 3 meses. Ganhei uma vida nova, em que trabalho mais horas, mas sou dona do meu chão. Picar o ponto - JAMAIS!


- Mais um desafio blogosférico, aceite! Para ver mais testemunhos contra-tempos é favor ver o seguinte link:

Apanhada na Curva

em atualização...
**SOFIA**
http://redondaquadrada.blogspot.com/2011/04/28-de-abril-por-uma-vida-meio-tempo.html

Acredito que é possivel

Alinho-me nesta marcha revolucionária e declaro:

Sou uma crente...e de crença em crença se vai construindo o mundo, por isso não desistirei de ser crente.
Sou crente em que mais tarde ou mais cedo (provavelmente mais tarde) o mercado de trabalho se tenha de reorganizar para dar resposta àquilo que são as verdadeiras necessidades das pessoas.
Não acredito que sejamos super-humanos, embora por vezes cheguemos lá perto, por isso, estou em crer que as nossas diferntes áreas se terão de entender de outra forma. Aos empregadores falta coragem para assumir que trabalhadores melhores consigo e com a vida são melhores trabalhadores. No dia em que tal for assumido sem medo, os trabalhadores darão mais de si porque já lhes foi dado mais para si.
Acreditem que se me deixassem construir o meu horário de trabalho, trabalharia muito mais e de forma mais empenhada. Sei isso porque tive que esperar um mês para me diferirem a redução de horário para amamentação e tive que trabalhar o horário completo, sempre com um nó no peito e a olhar para o relógio. 
Perfeito, perfeito seria permitir que pai e mãe pudessem articular horários de forma a beneficiar os seus filhos. Não peço só para mim a flexibilização...seria demasiado feminista e egoísta. Peço para o papá também, figura que se quer fazer presente no desenvolvimento dos filhos e que enfrenta resistências machistas no patronato e nos colegas de trabalho até!

Assim, eu crente me declaro e contribuo para esta revolução...acreditando sobretudo que, quanto mais nos deixarem investir nos nossos filhos e nas nossas vidas, melhor será a sociedade e a humanidade de amanhã!
 
Rosalia

por um mundo de trabalho mais flexivel, part-time lovers, uni-vos !

o meu brevíssimo e amargo contributo para a revolução:

é uma pena que eu esteja a considerar um futuro profissional numa área que nada me motiva, a ganhar menos do que ganhava e sem qualquer desafio para a minha cabecinha apenas em nome de um horário de trabalho e de uma proximidade geográfica que me continuem a permitir passar uma parte dos meus dias com os meus filhos (e não apenas aquela hora do "faz comida-janta à pressa-toma banho-lê a história a correr-grita de desespero-olha lá que já não vais dormir o que precisas-deita, beija e até amanhã" do costume). Porque até posso considerar a ideia de ser uma profissional frustrada mas mãe frustrada é coisa que não me quero nunca sentir!

(essa oportunidade ainda não apareceu mas sei que se aparecer, a par com outra melhor remunerada, com mais interesse mas longe de casa...a primeira será, sem qualquer dúvida, a minha escolha)
 
InêsN

Diga fleeexiiiiiiiiiiiiibiiiliii-daaaaaaaaddeeeeee

Comecei a trabalhar aos 18 anos.
Era num atendimento telefónico, trabalhava das 8h00 às 12h00 e ganhava bem para o tempo que ali estava. Não tinha tempo para respirar, tinha as chamadas cronometradas, tinha de sorrir sempre (sim, o sorriso ouve-se ao telefone, não sabiam? Essa ficou-me desde há muitos anos, e continua a ser verdade), tinha de pedir autorização para ir à casa de banho, tinha 10 minutos a meio da manhã para comer qualquer coisa e o telefone não podia tocar mais de 2 vezes até ser atendido. Tudo cronometrado ao segundo, e não podia falhar nenhum, ou era descontado no vencimento.
Ao longo de 6 anos fiz o mesmo atendimento telefónico, em várias empresas, com vários horários (entretanto passei a tempo inteiro), mas sempre com as mesmas regras rigorosas de horário a cumprir. Entende-se até certo ponto – se é um atendimento telefónico, há clientes à espera de serem atendidos, e dentro daquelas horas de funcionamento. (flexi-quê?)

Quando uns anos depois chego a uma outra empresa onde me disseram que o horário de trabalho era das 9h30 às 18h30, com hora e meia de almoço, mas que esses horários eram flexíveis, desde que deixasse as minhas tarefas todas feitas diariamente. Deram-me a chave da porta e pouco mais disseram. Aprendi depressa que precisava da chave se chegasse às 9h30 – era a única. Aprendi na mesma semana que a hora e meia de almoço não era usada por ninguém – almoçavam todos no café do prédio onde a empresa funcionava, para não perderem tempo, e a ninguém passava pela cabeça aproveitar esse tempo deles/nosso para passear na avenida (5 de Outubro em Lisboa, neste caso), ir às compras, ver montras, etc. Custou-me um bocadinho mais perceber para que raio queriam eles esse tempo, se ninguém começava a produzir nada antes das 16h. Pois, essa era a hora de ponta ali. Começava então o expediente, que, contado para fazer as 7h30 de trabalho, nunca acabava antes das 19-20-21-22h. Eu, que até não tinha nada para fazer (??!??) fora dali, custava-me passar todo o dia sem fazer nada e depois começar a trabalhar pela noite dentro. Mas, como vi que começava a ser posta de parte se não entrasse no esquema, alinhei.

Até que cometi o crime de resolver casar-me. E como resolvi isso com um mês de antecedência, tive pouco tempo para os preparativos, e precisava da minha hora e meia de almoço, e do tempo depois das 18h30 para isso. NUNCA deixei trabalho por fazer, mas comecei a cumprir horário. Um dia adoeci – com direito a baixa médica e tudo, e 3 dias depois recebi uma carta registada a dizer que não me iam renovar o contrato.

Tinha desistido da minha “flexibilidade”.
Mudei entretanto para uma empresa onde o horário era 9-18h, não tinha códigos a marcar, podia ir ao café, à casa de banho ou dar um dedo de conversa com colegas à minha inteira vontade, confesso que foi difícil adaptar-me. Fui alvo de piadinhas dos colegas, pois estava sempre preocupada com o estar sentada à secretária, disponível, entrava à hora certa e saía à hora certa. Mas, desde que tivesse o meu trabalho em dia (que na altura até nem era muito), ninguém se aborrecia se eu estava ali ou estava na zona do café, ou a ler o jornal. Casada havia cerca de um ano, entretanto calhou engravidar. Estava ainda a contrato (de “estágio”, que se usava muito na altura), e tremi de medo – baseada na minha experiência na empresa anterior. O meu chefe ficou felicíssimo por mim, pôs-me completamente à vontade para tudo o que precisasse (nunca me aceitou uma justificação de falta médica ou outra), e 2 meses depois cumpriu o que me tinha dito quando me admitiu: passou-me para o quadro da empresa, com aumento de salário e tudo. Nunca tive aí problemas em sair mais cedo ou faltar para prestar assistência à minha filha, ir a festas no infantário ou qualquer outra coisa, e sempre fiz por ter o meu trabalho em dia – dava tudo à empresa, mas tinha dela tudo o que precisava.
Num sentido mais restrito (não podia vir trabalhar para casa porque as minhas funções não o permitiam), mas sabia que tinha a flexibilidade necessária na altura. (aaah, flexi-bilidade!)
A empresa seguinte passou por diversas fases.
Quando tudo sempre funcionou bem com responsabilização individual, eis que vem um relógio de ponto.
Ah, mas as minhas funções tinham então horário flexível. Mas isso é o quê, com um cronómetro preso ao dedo indicador? Resumidamente, tinha um período fixo em que tinha es estar lá, mas outro em que podia entrar e sair a horas diferentes, desde que cumprisse X por semana. Tivemos grandes brigas. Umas vezes ganhei, outras ganhou a empresa.

Actualmente deixo-os pensar que me dão uma certa liberdade (e dão!). Entretanto não tenho cartão, mas cumpro as horas flexíveis que devo trabalhar todas as semanas. Entro mais cedo e saio mais cedo, mas com muita frequência levo trabalho para casa. Tento despachá-lo depois de os miúdos estarem na cama, mas muitas vezes isso não é possível. Mas ao menos estou em casa, eles estão em casa e não nas respectivas escolas. Tenho o telemóvel disponível 24h/dia e ando sempre de portátil às costas.
Eles acham que me estão a dar uma benesse, eu acho que estou a ser um bocadinho enganada, mas com as condições actuais, deixo e não reclamo (muito). Vou fazendo passar a minha mensagem sempre que possível, mas não insisto. Não estou em condições de insistir muito.

Se as coisas podiam ser feitas de outra forma? Podiam… mas como dizem os outros, não era a mesma coisa.

Se eu podia ir para casa trabalhar durante pelo menos metade do meu tempo? Podia, mas nunca se colocou essa hipótese. Confesso, muito descontente comigo própria, que na actual conjuntura, tenho receio de o fazer.
 
FLEXIBILIDADE

Deixar de ser profissional e ser mãe a tempo inteiro? Não critico quem o faz, e muito menos quem tem de o fazer, mas eu por opção não o faria. Não nasci para isso, e dava com facilidade em louca ao fim do primeiro mês em casa, “apenas” a lamber as crias.

Mas ter a oportunidade de poder estar na escola às 17h30 para os ir buscar, em vez de os deixar por lá sem fazer nada até às 18h30 é um grande sonho meu. Poder dizer aos meus filhos que podem desistir de alguma das AEC (actividades de enriquecimento extra-curricular) porque não os satisfaz e estar com eles em casa a fazer outra actividade que os enriqueça ainda mais… era tudo o que eu queria.

Maior flexibilidade das empresas, para que as mães (e os pais) possam cumprir as suas funções noutro local físico que não os escritórios? Sem sombra de dúvidas, sou 500% a favor, mas sempre com responsabilização para ambos os lados.

É importante que as empresas saibam facilitar as coisas (elas próprias lucram no fundo, com menos gastos nos escritórios por exemplo), mas que o saibam fazer de uma forma responsável, coerente, digna e encarando-o como vantajoso para ambas as partes.
Mas é igualmente que esses trabalhadores saibam no que se vão meter. Sejamos francos – nem todas as pessoas sabem o que implica trabalhar a partir de casa. Estar agarrado ao computador, tendo o apelo da televisão, do sofá, da cama, do conforto do nosso lar, nem sempre é fácil, e nem todos conseguem fugir dessas tentações. Sei do que falo, assisti de perto a uma situação dessas.
É importante que esses trabalhadores façam por cumprir a sua parte, ajudando desta forma a mudar mentalidades, mostrando às empresas que isso é possível. Isto será trabalhar a tempo inteiro, de uma forma não-presencial.

Pessoalmente, é por isto que me bato.

Da vossa,
Sezifreda

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