Saída da faculdade acumulava 2 empregos e o mestrado.
Ainda fazia trabalho freelance "fora de horas".
E a vida corria-me bem. Fazia mais que a maioria. Ganhava mais que a maioria.
Mas não gostava da inércia dos colegas, nem do ódio que me tinham por fazer mais que eles e as cúpulas terem obrigado a índices de produtividade. Nem das conversas da treta que nada me diziam, nem das músicas de quem não ouvia a mesma canção.
Eu em casa fazia mais e melhor. Era dona do meu tempo, ouvia TV, ouvia música e estava no meu mundo e fazia o meu horário de trabalho, conciliável com tudo o resto.
Decidi trabalhar só em casa. Conciliava com voluntariado. (Este durou até ao nascimento do meu 1.º rebento.)
O namoro trouxe umas viagens e pernoitas longe e o facto de trabalhar a partir de casa só facilitava.
Depois do casamento e dos rebentos, nada podia ser melhor!
Acompanho o crescimento dos filhotes, os primeiros passos, as primeiras palavras, as papas, as sopas. Sei o que comem, como caem, as fraldas que sujam. Twenty-four-seven!
A mais velha ficou em casa até aos 3 anos. O mais novo vais nos 18 meses e ainda por cá está.
A mais velha mamou até aos 17 meses, o mais novo até aos 12. Sem stresses nem horários.
A mais velha, agora na escolinha, começou a ter todas as maleitas a que esteve poupada até então.
Trabalhar a partir de casa faz com que possa ficar com ela sem que o marido tenha de faltar ao trabalho. Antes isso!
E eu começo às 4h, às 5h ou às 6h e trabalho até às 22h, às 00h ou à 1h, consoante o trabalho que tenha e/ou o cansaço o permita.
E em simultâneo com o trabalho, cozinho, brinco, estudo, arrumo, limpo, lavo, engomo, arrumo outra vez, esfrego, dobro, estendo e apanho, volto a arrumar, aspiro, alimento, e faço um bolo, e outra sopa, e brinco e vemos TV e DVD, e fazemos puzzles e legos e corridas pela casa e vamos ao parque infantil e à relva jogar à bola, fazemos lanches e ralho com eles, e dou miminhos,...
Deixei de ler...
Sacrifiquei dinheiro (ganhava muito mais solteira, sem filhos, full-time freelancer), ou talvez não. Poupo em creches, ATL, ama, poupei 3 anos em consultas médicas e farmácia, em leites e papas.
Sacrifico tempo de trabalho, ou talvez não. Trabalho muito mais.
Mas também sou muito mais feliz. Não trocava esta vida por nenhuma outra. E os meus filhos são a minha única prioridade. Inadiável.
SCAS
http://interrogacoesdematernidade.blogspot.com/2011/04/saida-da-faculdade-acumulava-2-empregos.html
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