Estava eu a navegar pela internet, quando me deparei com este movimento de flexibilização do horário de trabalho.
Tendo escolhido viver no interior de Portugal, tornou-se quase impossível conseguir encontrar um emprego na minha área e, por isso, criei a minha própria empresa.
Ao início, tudo corria bem e eu tinha escritório fora de casa e vários projectos. Quando a crise começou (dizem que a crise surgiu agora, mas acho que já dura há muito tempo), os projectos escassearam e grávida do segundo filho, uni o útil ao agradável, mudando de armas e bagagens o meu escritório para casa.
Parecia tudo perfeito, dava apoio ao meu filho mais novo, tinha tempo para o mais velho quando chegasse da creche, realizava tarefas no meu espaço de Turismo Rural e, ao mesmo tempo, tratava dos meus projectos de arquitectura.
Em teoria era perfeito. O que senti na prática, foi que não tenho tempo para fazer tudo e tenho dificuldade para compartimentalizar as diferentes tarefas a realizar. Dou por mim a fazer tudo pela casa e a deixar o trabalho para segundo plano. Fico extremamente cansada e desiludida, quando ao fim da tarde, os meus objectivos de trabalho não foram atingidos. Trabalhar em casa tem tem coisas boas e más, pois aquela faceta das mulheres, de quer ser super em tudo, complica muito no trabalho a partir de casa. De manhã acordamos e preparamos os nossos filhos para sairem, vestimo-nos e tomamos o pequeno almoço. Entretanto olhamos para a loiça que ficou por arrumar e pensamos na roupa que tem de ser lavada.
Tratamos da "lida doméstica" e só depois nos concentramos no trabalho propriamente dito. Quando estamos completamente embrenhadas nas nossas tarefas, o nosso filho chora a pedir atenção ou já são horas de fazer o almoço. Almoçamos e a loiça do almoço começa a olhar-nos de lado, como a dizer "vais deixar-nos aqui a criar moscas? Que grande porcaria." De repente, já está na hora da sesta, e pensamos vai ser o momento de grande produção. Começamos a trabalhar furiosamente e, de repente, as três horas de sesta (atenção dou-me por sortuda por ter três horas de sesta) acabaram e temos o lanche para preparar. O filho mais velho e o marido estão a chegar , acabando por isso qualquer veleidade de haver mais trabalho.
Banho, jantar e brincadeiras estão agora na ordem do dia.
Tipico dia na vida de uma mãe que trabalha em casa, cansativo e pouco produtivo.
Quando será que vamos aprender que é impossível fazermos tudo e sermos super.mães, super-esposas, enfim, super-tudo.
O que mais me chateia, é quando o marido chega a casa e pergunta: "Então o que fizeste hoje?", como que a dizer só fizeste isso?
Desabafos de uma mãe que gostava de ter um part-time fora de casa para dar o chamado grito do IPIRANGA.
Sara Novo
http://castelosnoar-castelosnoar.blogspot.com/2011/04/flexibilizar.html
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