segunda-feira, 16 de maio de 2011

"Revolução das mães" na Noticias Magazine (DN e JN) 15-05-2011




Elas querem mudar o mercado de trabalho, exigem flexibilidade e prometem maior produtividade. O movimento cívico “Revolucionar para Flexibilizar” reúne várias mães portuguesas na luta pela conciliação entre a vida profissional e familiar.
Contactar associações e partidos políticos são os próximos passos da iniciativa que nasceu na Internet em Abril, com depoimentos de várias mães (está tudo reunido em revolucionarparaflexibilizar.blogspot.com) e que agora quer passar da discussão virtual para acções concretas.
“Estamos a contactar organizações que já actuam junto de famílias ou do tecido empresarial, empresas que já tenham uma cultura conciliante e estejam a lucrar com isso, e todos os partidos políticos (o movimento é apartidário). Contamos organizar debates e criar eventos públicos”, descreve Carla Rodrigues, de 36 anos, em declarações à Lusa.
Esta mãe de duas crianças, que há quatro anos abdicou da carreira de directora de publicidade para ficar em casa com os filhos, é a impulsionadora do movimento que quer “um mercado de trabalho que, em vez de penalizar, promova a maternidade, cumprindo a legislação já existente e mantendo-se aberto a novas e mais profícuas formas de relação laboral”.
Tudo começou quando Carla decidiu voltar a trabalhar e se apercebeu das dificuldades que enfrentaria. No blogue apanhadanacurva.blogspot.com, outras mães partilharam experiências sobre as exigências de disponibilidade das empresas e a falta de tempo para os filhos.
Carla arregaçou as mangas e agendou uma “revolução”: no dia 28 de Abril toda a blogosfera devia dar a sua opinião sobre o assunto, mas desde então não param de chegar contributos.
“A forte adesão confirmou que ninguém anda a viver bem esta falta de conciliação”, observa Carla.
Para estas mães, flexibilizar o mercado de trabalho significa criar modelos mais adaptados às famílias: o trabalho a partir de casa, a coordenação com as férias escolares, o trabalha a tempo parcial, horários reduzidos, bancos de horas e semanas de trabalho comprimidas, por exemplo.
“Um mercado de trabalho mais flexível reduziria as faltas, promoveria a motivação e aumentaria a tão necessária e desejada produtividade”, garantem.
O Movimento conta com mais de 200 seguidores no Facebook e tem passado as últimas semanas a reunir legislação, a procurar parceiros institucionais, exemplos de boas práticas e a receber conselhos semanais de uma consultora em Recursos Humanos.
No meio da pesquisa, foi localizado um vídeo que mostra Michelle Obama no “Fórum on Workplace Flexibility” de 2010, precisamente a falar “importância da flexibilidade e da conciliação entre trabalho e família”, escreve-se no blogue.
“Para cumprirem as suas múltiplas funções, as mães e os pais têm sido verdadeiramente elásticos”, alerta o manifesto do movimento, propondo-se defender “mães e pais que deixaram de trabalhar porque a conciliação era impossível” e aqueles “que não devem admitir que a sua competência seja posta em causa porque amamentam, mudam fraldas, acalmam febres ou acompanham o percurso escolar dos filhos”.
Ana Cristina Gomes (Lusa)

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