segunda-feira, 2 de maio de 2011

Quem tem medo do lobo mau ?

O metro estava a abarrotar de hormonas de crescimento, ninguém tinha pago o bilhete e o ambiente não andava perto dos estádios de futebol quando o Sporting ganhava campeonatos. Viva o Sporting ! (sim, ainda existimos). Chegados à 5 de Outubro era difícil furar até ao Ministério da Educação, estavamos em 92 a protestar contra uma PGA que a mim, muito provavelmente injustamente, me favoreceu à grande. Havia estudantes em cima das árvores, dos carros que mais tarde rumaram à garagem, estudantes em cima uns dos outros. Havia incitações a cânticos que eu, púdica linguística na altura não assumida, não cantava discretamente e um movimento de rabos de rapazes à mostra a que, hélas, o Francisco do 12°D não aderiu. O ministro da educação da altura era mandado para todo o lado, às vezes para sítios não tão desinteressantes assim. Fui-me embora a meio, já aos 17 anos, o preto e branco não eram as minhas cores preferidas.
Hoje, a reclamar a flexibilidade, de que todas precisamos como da água para a boca, mais uma vez ganha a tendência ascentral e tão cativante do voodoo. Personifica-se o mal, neste caso o papel do bicho calhou ao sr. empregador, e toca de lhe espetar agulhas e queimá-lo numa fogueira onde mais tarde vamos aquecer mushrooms, de que nem sou fã. E corremos o risco de repetir aqui o que repetimos no café ou nos corredores das pausas de cigarro ou no facebook e não vamos a lado nenhum, ou chegamos lá muito mais tarde. Da parte que me toca, tenho pena, mas preciso de um part-time a partir de Novembro-Dezembro, estou com pressa, e vou fazer como sempre fiz e muitas vezes me tenho dado bem, vou convidar o lobo a tomar um chá.
Vou perceber o lado dele e explicar-lhe o meu, sei que nestas coisas da revolução pedir o impossível está na berra - aí o que eu gosto do slogan "soyez realistes : demandez l'impossible", os franceses sempre foram muito bons nesta coisa do marketing político, verdade seja dita - mas eu, mais o meu amigo lobo, não temos paciência para lirismos e vamos tentar negociar. E comer o máximo de scones que conseguirmos.
Alguém mais é servido ?

A movimento pode continuar, mas vamos ter que nos revolucionar muito mais do que o que, se calhar, estavamos à espera.

Resumo para os mais apressados : vamo-nos juntar todos, nós (muitos, muito), mas eles também, com conhecimento de causa e do outro campo, e vamos, sem perder tempo com tretas, mudar o mundo rapidamente, que não tarda nada tenho que ir à piscina. 

Ernestina ou a Mãe que capotou

2 comentários:

  1. Convidar o lobo mau para sentar-se à mesa e, entre o chá e os scones, dizer-lhe o que pensamos, pode ser mais eficaz do que as manifestações.
    As gentes do Direito costumam dizer que "é preferível um mau acordo, que uma boa disputa".
    Se um lobo mau ouvir e entender alguns dos pontos de vista apresentados, quem sabe se ele não irá expô-los a outros elementos da alcateia? Se o fizer, muitos outros lobos irão aderir, porque foi dito por um deles.
    Se isso acontecer, a situação mudará. Não com a rapidez desejável, mas mudará.

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  2. Querida Ernestina, VAMOS TOMAR CHÁ COM O LOBO! Bora Lá! Como se diz cá no norte.
    Posso só fazer uma sugestão importante? Chá com o lobo bom ou mau MAS SEMPRE NA NOSSA TOCA.

    É verdade, digo por experiencia profissional: Mais vale um mau acordo que um bom julgamento.

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