domingo, 1 de maio de 2011

Revolução : Flexibilização à séria

A revolução do mercado de trabalho que se impõe actualmente – vou chamar-lhe a flexibilização à séria – acabará por acontecer, penso eu de que, mais tarde ou mais cedo. Neste caso, infelizmente, será mais tarde, porque tratando-se mais de uma alteração de mentalidades do que outra coisa, já se sabe que é mais demorada.

Posto isto, importa então, antes de mais, esclarecer duas coisas: Primeira, se acabará por acontecer para quê marcar presença neste evento? Segunda, o que é isso de flexibilização à séria?

Quanto ao primeiro aspecto (tu queres ver que eu tenho o raio de uma veia política, caraças!) tenho de dizer que fui convencida por esta rapariga que, tal como eu, parece ter a mania de virar as coisas do avesso; dar a volta ao prego; agarrar o touro pelos cornos; e essas coisas todas, mas ao contrário de mim não se deixa ficar por revoluçõezinhas pessoais. Não, ela quer mesmo fazer coisas. A mim costuma chegar viver contra a corrente, lamentar-me muito, de preferência com as costas da mão na testa em pose dramática q.b, e compensar a solidão com boa comida e melhor vinho.

Ora, a flexibilização do mercado de trabalho, ou seja as empresas estarem abertas a outro tipo de estruturação do trabalho - part time, trabalho por objectivos, teletrabalho, etc., tem sido uma das minhas grandes reclamações dos últimos anos, sendo que a única coisa que consegui foi mandar para o caralho um ou outro patrão e aceitar trabalhar a recibos verdes sem cumprir um horário. E chegamos, portanto, à parte em que explico o que é isso da “flexibilização à séria”. Sim, porque pode-se muito bem alegar que o mercado nunca foi tão flexível como agora e eu digo, pois não, mas não precisava de o ser tão e apenas à custa do trabalhador, que quase precisa de pagar para trabalhar (a mim já me aconteceu ganhar menos num mês do que o necessário para pagar a Segurança Social).

Ou seja, se algumas empresas tivessem a coragem de arriscar (sim, sim, ide ler o especial que o Público fez com o António Câmara) e apostar em pessoas que querem mesmo, mesmo trabalhar, contribuir com ideias, mão-de-obra, o que for preciso e ao mesmo tempo usufruir da família, dos amigos, dos animais de estimação, não tenho dúvidas que o níveis de sucesso, de produção, de bem estar geral aumentariam consideravelmente.

E isto é novidade para alguém? Não, claro que não. Então, porque raio é que se continua a tratar o trabalho independente (recibos verdes), a isenção de horários, o horário contínuo (dêem-me este, por favor, eu trabalho seis horas seguidas, sem problema nenhum) com tanto desrespeito, senhores? Porque é que os nossos coleguinhas que gostam de trabalhar até às tantas (em muitos casos, porque estiveram a coçá-los o dia todo e depois despacham em duas horas, normalmente das 18h00 em diante, o que não fizeram o dia todo) olham de lado para os que fazem o dobro, em menos tempo, e depois querem sair cedo para estar com os filhos, com os cães, com os piriquitos, com o livros, com os vícios, com o que bem entenderem?

É claro que eu, para ser uma gaja como deve ser, montava já uma empresa modelo para mostrar ao mundo como se faz, mas acontece que nasci com uma deficiência no gene dos negócios e como não gosto de subsídios não vou estar a usar esse argumento para enriquecer à custa dos outros.

Calita Fonseca
http://panadosearrozdetomate.blogspot.com/2011/04/revolucao-flexibilizacao-seria.html

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